terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Uma aula em Yale, feita à minha medida...

Encontrei no Youtube esta aula de Psicologia em Yale.
Pelo facto de vivermos, em determinados momentos tentamos perceber em que raio nos metemos...Agrada-me imenso saber que as coisas em que penso foram já estudadas por muitos e que criei as minhas próprias teorias sem nunca os ter lido, mas pensando nas teorias deles. Isso significa que o raciocínio humano brota de todos de forma similar.



Em jeito de resposta segue o significado da vida...:-)



E no final...a resposta yoga de Swami Satchidananda...demasiadas expectativas, demasiada dor... O egoísmo em nós pede que recebamos sempre algo em troca, da vida, das pessoas, do mundo. Esperamos, por isso temos problemas, passamos pelo "nível dor".



Viver...

domingo, 22 de novembro de 2009

Suportar o Síndrome "Dead Man Walking"





Boas Zé...
Quando foste, dia 4 de Fevereiro de 1996, abanaste o mundo de muita gente, inclusive o meu.
Foi uma das machadadas nas crenças religiosas, e um culminar das interrogações ácidas que me inundavam pela leitura da Bíblia e análise dos factos e probabilidades. Acordei da sensação de imortalidade e caminhada rumo a uma pesagem de actos, e caí na racionalidade extrema de um ser pensante, mas igual a todos os outros nesta Terra. Doeu. Assistir à morte de avós marca, mas, ser atingido pela noticia de uma morte inesperada de uma pessoa jovem e diariamente presente na minha vida é mais impactante. Dizem que a Natureza não dá saltos evolutivos, mas a fila para a reciclagem não é linear, dá saltos nos números e saltos bem visíveis.
Sempre fui ingénuo e lírico, e a esses a vida dá socos no estômago com fartura.
Não pude evitar deixar de pensar que fui um afortunado, porque apesar da relatividade da situação, a ti foi-te dado apenas 20 anos para viver. Se 80 anos é pouco, o que dizer de 1/4 disso? Não é fácil nem saudável enumerar todas as experiências que te faltou concretizar e saborear nesta vida. Tinhas solidez e apoio familiar, inteligência e destreza suficiente para seres um homem realizado e bem sucedido. Mas o raio caiu, e caiu bem ao meu lado. Deu para ouvir o trovão a estourar-me os tímpanos, com um milésimo de segundo de diferença com o clarão.
A seguir sou eu. Não interessa quando, mas sou a seguir. O problema é mesmo esse...somos a seguir. Nem interessa bem qual é o número, pois a chamada é aleatória, mas somos a seguir, e a Natureza não se esquece de nós. "Sooner or later God's gonna cut you down" cantava Jonnhy Cash. Se fosse Deus eu nem me importava muito. Preocupo-me e tento tratar o meu semelhante como acho que é suposto ser tratdo por ele, daí que seria considerado um aluno regular na escola de Deus. Mas ao que me parece Deus apareceu com a primeira centelha de inteligência, imediatamente a seguir ao medo de morrer. O homem tomou consciência de que se o "Zé" dele morreu, ele corria o mesmo risco de partilha de destino. Mas se ele lhe era assim tão importante, obviamente que haveria algo depois, pelo que o deveria sepultar, em posição de "feto adormecido" com as suas ferramentas, jóias e armas.
Mas, e quem perdeiu a esperança de ser "filho protegido de Deus"? Quem olha para o braço e vê "tatuado o número seguinte"? Como se vive a prazo? Como se saboreia as férias que acabam em dia incerto, mas que sabemos que acaba? Como se corre sendo que somos "dead man walking"? Há o suposto antídoto "Carpe Diem". Dificil de engolir, cada vez mais quanto mais os anos passam. Provavelmente é por isso que a Natureza nos faz definhar, nos inutiliza aos poucos. Para que estejamos já tão diferentes do que fomos um dia, e tão debilitados que aceitamos a inevitabilidade de termos de morrer. Sentimos a falência iminente.
E a questão principal? Como se vive? Provavelmente olhando 10 metros em frente, em vez de alguns kilómetros, para que não se possa ver o precipício. Ou então olhar para o lado e perceber que a galé está cheia de "condenados" nas mesmas condições e alguns ainda são mais chicoteados do que nós e remam apenas com um braço dado que o outro já lhes foi tirado. Mas eu não sou o Ben-Hur. Só consigo ver o que não tenho, bem como a maioria desta geração ocidental. E por isso somos tão infelizes. Temos telemóvel, computador portátil, 200 canais, podemos comer alimentos de quase todo o mundo, mas há dias em que nos deitamos com menos felicidade (caso houvesse uma forma de o medir), do que os nossos avós após um dia extenuante de trabalho no campo. Suados, com calos doridos, mas com esperanças, sensação de concretização e dever cumprido. Saber demais não traz felicidade, talvez seja essa a mensagem da parábola de Adão e a sua Maçã. Ter demais também não a traz, mas sim não o ter e consegui-lo hoje, e conseguir amanhã, e querer ainda mais para a semana. Ter conseguido ontem, vai-se dissipando no tempo. A que soube o dia de ontem? A pouco, a quase nada, um pouco mais que o anteontem e o dia especial da semana passada. O Hoje é mais intenso. O Agora é especial. E o Hoje pode ser concretizador ou um insatisfeito momento. Tal como na cantiga de Sérgio Godinho, sabendo-nos a pouco. O Amanhã traz-nos o incerto, a esperança ou o negro futuro. O condenado espera apenas o dia da execução, cada dia que passa é menos um dia, a meta aproxima-se, já vê o manto escuro e o brilho da foice. Assim somos nós, se pensarmos bem nisso. Mas não convém. Antecipar a dôr de barriga enquanto se come retira o sabor da comida.
A despreocupação da criança dentro de nós é bem mais saudável que deixar sair o "velho", o ser consciente da sua perecibilidade e da relatividade de tudo que aqui se passa.Somos tal como uma pequena chama de um fogo, nasce, extende-se e extingue-se num ápice e ninguém a percebe a menos que tenha tocado alguém. Podemos tocar, aquecer ou queimar amigos e família, conhecidos e quem passa pelas nossas vidas. Para todos os restantes somos basicamente invisiveis. Quando era miúdo queria ser famoso, para assim ser menos mortal, ficar algo meu neste mundo, ser admirado pelas gerações futuras. Também não adianta de muito. Mas devo reconhecer que a semi-imortalidade de actores ou beneméritos famosos me continua a atrair, até porque continuo a idolatrar alguns deles. A morte mete-nos medo e fascina-nos. Criou todo um universo de crenças, de figuras mitológicas, de explicações de fuga, de interações. Mas a morte é a morte, seca e directa. Só se pode queixar da morte quem alguma vez foi vivo, e nem todos serão vivos algum dia.
Não tenho a solução para o que o titulo deste texto antevia... Mas a vela só tem a bonita chama se queimar a cera, e a cera vai acabar, e entretanto tudo é quente e luminoso. Enquanto escrevi, estes 2 dias, a dor diminuiu. Encontrar a forma de dominuir a dor talvez seja o caminho...

sábado, 19 de setembro de 2009

O arco-íris das amizades.






Quando éramos miúdos inocentes tudo era fácil.
As meninas eram meninas, diferentes sim, mas não seres enigmáticos e complicados de entender e conquistar. Brincava-se aos médicos e aos papás e mamãs sem problemas, sem consequências, só pelo prazer da descoberta, da partilha e da curiosidade.
Não pensávamos que estávamos em lados diferentes da barricada do amor e da sedução, só não entendíamos como é que elas eram um pouco diferentes de nós. Eram meias amaricadas...lol. Apenas não queriam que lhes mexessem nas bonecas e queriam a última Barbie, nós apenas pensávamos em futebol e no ultimo "action-figure".
Alguns anos depois tudo muda. O "peso" da adolescência e do sexo, cria a guerra. Elas sabem o que nós queremos e nós sabemos que elas não vão querer assim tão facilmente. Educadas para serem recatadas, entrincheiram-se e geralmente têm uma relação com a fisicalicade menos impulsiva do que nós. Nós tornamo-nos ardilosos e maquiavélicos...lol
Com o tempo, as batalhas vão sucedendo e alguma resultam em Armistícios e consequentemente casamentos ou outro tipo de relações formais duradouras. A partir desse momento ( em principio )quem está casado tem a porta de pelo menos um quarto aberta para não sentir mais a solidão manual. E os que ainda continuam no campo de batalha? Esses vão lutando aqui e ali á procura do "inimigo perfeito" para assinar. Enquanto não o encontram, querem saciar todas as curiosidades e necessidades com os errados. ( "Se não encontras a mulher certa, diverte-te com as erradas" - não sei quem disse, mas tinha a sua razão. )
Os errantes, têm as suas necessidades físicas e emocionais, bastantes normais e crescentes nos "intes" e "intas", e se calhar até nos "entas". Provavelmente cresce enquanto somos vivos. Errantes que encontraram vários casos, passaram por várias "guerras mundiais". Ás vezes as barreiras caem, e encontram um ponto de união. Mesmo sem darem tudo um ao outro, consideram importante e vantajoso para ambos, trocarem carinho, vivências, partilharem momentos, alegrias, cinema, restaurante, beijos semi-apaixonados, banco traseiro do carro e por vezes motel da zona ou a casa de um deles. Estar sozinho ás vezes é mais doloroso que erguer a bandeira branca e esperar pelo melhor. Ás vezes corre muito bem, as pessoas entendem-se, trocam essências, partilham as suas histórias, os seus problemas e conseguem-se fazer um pouco mais felizes um ao outro. Algo de errado? Absolutamente nada se ambos se derem na mesma medida. Se um não for buscar mais á relação do que o outro, ou um não pedir mais do que o outro está disposto a dar. Mas parece a melhor solução intermédia para ser só e sobreviver.
Há quem prefira esperar na trincheira pelo General Certo, não se envolvendo de forma alguma caso não haja sentimentos fortes, prenunciadores de um desfecho pacífico.
Gostava de vos recordar do texto sobre o beijo, e dizer...um beijo a mais é melhor que um beijo a menos.
Acredito que os indecisos e erráticos soldados esperam alguém que os faça ficar de joelhos, capitular e esquecer de que terra ou país são, mas tarda em aparecer.
Têm receio de serem enganados ou que a contra-parte não seja exactamente o que esperavam, pelo que a paz não vai ser duradoura, e vai provocar ainda mais mortos e mais dôr que a actual. Tantas vezes a paz aparente é perturbada por denúncias do tratado que estava em cima da mesa para posterior assinatura, por vezes em alguns anos.
Em suma, acredito que os "guerreiros repousados sob o arco-íris" podem ser uma grande amizade e fonte de crescimento pessoal enquanto as pernas não fraquejarem, se totalmente imbuídos do espírito de comunicação, solidariedade e respeito que une os amigos. Em vez de se esperar pelo inimigo na trincheira, uns dias é na trincheira dele, outras é na nossa. Viva a côr. ( Não, este texto não tem o patrocínio da Robialac ou da CIN)

Pssst!! Se faz favor....queria uma relação perfeita.




Bom dia. Já que estou vivo e me sinto só, queria uma pessoa quase perfeita para partilhar a vida.
Parece estranho, não? Nas nossas vivências precisamos, num ou noutro momento ou então sempre, de alguém com quem partilhar alegrias e problemas. Faz parte do ser humano, uma emotividade intensa. Uns disfarçam-na com o trabalho, com o amor a si próprio e egoísmo sentimental, mas existe sempre.
Esta sociedade de consumo onde somos bombardeados por imensa publicidade e todos os dias analisamos centenas de factos, comparando características, decidindo qual o melhor, mais barato, provamos marcas e satisfazemos a curiosidade do provar encontra de alguma forma um paralelo na nossa vida sentimental. Queremos uma mulher mistura de Beyonce com Katy Perry, com pozinhos de Katherine Heigl e a mente da Dra. do apoio sexual.
Mas encontramos alguém que nos diz algo...os olhos, o aspecto, a forma de falar, aquele sorriso, algo nos puxa irremediavelmente para o queremos para nós. Brinca-se com as palavras, joga-se a batalha da sedução e...ás vezes ganha-se. E é terrivelmente bom. A adrenalina e as hormonas inundam-nos nos primeiros beijos, nos primeiros toques, mas vamos conhecendo a pessoa e recebemos também tudo que ela tem, de bom e de menos bom. Com o tempo tendemos a desvalorizar o ser que temos ao nosso lado, e pior, a olhar para os novos "modelos que saíram este ano". Os beijos, os toques, a troca de prazer começa a não ser tão inesperada, a curiosidade perde-se um pouco. O que comparado com o desconhecido da pessoa que encontrámos no café ou a colega do emprego ou a empregado de bar onde se costuma ir, começa a perder terreno. Voltamos a ser o "descobridor", que quer saciar a curiosidade e fazer inverter vertiginosamente a montanha russa da sedução e da insinuação em que se converteu a nova "amizade". Todos queremos abrir a caixa, provar o queijo, podemos é entrar na ratoeira.
Que dizer á pessoa que tal como nós investiu na relação? Desculpa, mas passou? É só uma brincadeira e depois volto para ti? Sou de várias pessoas? É só sexo?
Talvez por este receio procuramos a melhor pessoa possível para nós, quase perfeita. Linda, inteligente, espirituosa, compreensiva, trabalhadora, sensual e uma fera na cama. Tudo para nos precaver de matar as curiosidades que um dia nos vão aparecer, e poder ganhar a luta entre manter o excelente modelo velho que temos ou provar o novo desconhecido modelo.
Todas as desculpa são boas para evitar queremos descobrir a novidade. Para o homem é mais complicado resistir aos encantos do que ainda não se provou. Porquê? Porque temos tendência a querer provar várias para descobrir quem queremos amar. Porque, na nossa cabeça,sermos amados por várias significa que somos excelentes homens e porque no nosso crescimento não fomos habituados a controlar o apetite pelo fruto proibido, mas antes a fazer crescer a ânsia de o comer, porque "é de homem". A mulher tende a não sobrevalorizar características sexuais. Ama e tenta amar até ao fim, amenizando os defeitos.Provavelmente prefere a estabilidade, a segurança de uma relação construída, o pai para os filhos. Acho que o amor feminino é mais puro, mas emotivo,embora já o tenha sido mais... O homem é menos capaz de se sacrificar pela estabilidade da relação, pela sua leveza de consciência ( principalmente porque parece ser capaz de comer fora e entrar em casa com toda a leveza do mundo perguntando se a comida está pronta ). É capaz também de ir buscar pão á padeira, peixe á peixeira, e carne á mulher do talhante, sendo que em casa tem a esposa que trata dos filhos, sem a tratar como o hipermercado que consegue ser.
Os homens gostavam de casar com a mulher quase perfeita. Porquê quase perfeita? Porque se fosse perfeita seria complicado atirar-lhe á cara algum defeito ou perceber que ela estava sempre certa e ele errado.
A mulher também não deve querer o homem perfeito dado que seria bastante complicado guardar aquele "naco de carne" de todas as leoas descomprometidas ou não, carentes por um homem a sério, que as trate como pessoas a sério.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Caros pais...( para reler quando eu for pai , e ele(a) tiver 15 anos )





Começo a sentir a vontade de ter filhos...
É algo que não esperava. A ideia de poder ter um ser que aprende comigo, para quem eu sou importante, que me ama e precisa da minha ajuda começa a seduzir-me mais do que a ideia que terei de dedicar parte da minha vida a tratar dele, a mudar-lhe as fraldas e dar-lhe de comer.
Sinto alegria em brincar com a minha sobrinha, continuo a ser um "puto" grande pelo que brincar é inerente á minha natureza. Imaginar isto e aquilo, fazer aquela careta ou o té-té..
Mas eles crescem...e eles tornam-se semelhantes a nós.
A minha vontade de ter filhos passa também pelo desafio de tentar fazer mais do que o que os meus pais fizeram por mim. Não me posso queixar de quase nada, foram pais extremosos e preocupados. Apenas posso dizer que tomei para mim o sentido critico e auto-critico que tanto seguíam, que tem consequências boas e más.
De qualquer modo...
Que fazer quando o filho/a cresce?
No meu entender, é necessário relembrar sempre a nossa própria juventude na tentativa de educação saudável dos nossos filhos. Tendo isso em mente, o nosso rebento vai crescer e ser submetido a vários meios, vai sentir impulsos e tentar perceber como viver neste mundo. Os pais ficarão divididos entre "controlar" os filhos, e "dirigir" o seu crescimento, impedindo que eles sejam submetidos a alguns problemas ( assim julgam eles ) ou então deixar o filho ultrapassar todos os problemas de forma autónoma. Uma espécie de divisão entre o estado Comunista e o Estado Liberal na Economia.
Dada esta divisão, a minha teoria é esta: nenhuma informação é "too much information".
Quando os miúdos e miúdas tiverem idade ( e terão mais cedo que que pensamos ), convém dar-lhes alguma liberdade, mesmo que seja para levar algumas lambadas da vida, mas sempre com a consciência e a informação de que elas existem.
Os pais muitas vezes não se apercebem, ou apercebem-se tarde demais ( com consequências nefastas a nível psicológico para o filho )de que as limitações morais, de comportamento e hábitos, que impõem aos filhos, especialmente no caso do sexo feminino, os castra e os impede de "crescer". Muitas vezes, já com idade para serem mães , querem que as filhas sejam ainda "virgens", mas que encontrem um "marido bom" rapidamente. Bons maridos, já não há muitos, e não andam das 8 da manhã ás 23 da noite na rua. É nesta altura que os pais e mães deveriam pensar no que estava a fazer, ou tinham vontade de fazer com a idade deles, e até fizeram mas não contam a ninguém.
Devassidão? Existe. Em conta e medida correcta, é necessário. Quem decide a quantidade? Cada um de nós após a maioridade. A total inexistência da liberdade afectiva e sexual pode resultar em problemas complicados a nível emocional e estrutural nas pessoas, acredito eu. Nesta sociedade de pressão, desde a tenra idade, são os pequenos hobbies e alegrias, nas quais se incluem também namorar, beijar e fazer sexo, que nos permitem ser um pouco mais felizes.
A falta de liberdade é tão grave quanto a liberdade levada ao extremo, pode resultar em problemas tão ou mais graves. Aos 30-40 anos, muitas mulheres pensam...devia ter lutado mais pela minha vida, ser mais rebelde provavelmente seria mais feliz.
Só há uma idade para fazer as coisas. É esta. A idade anterior já passou, não volta.
Há doenças, há gravidezes inesperadas, há predadores emocionais e sexuais. Sim há isso tudo. Mas, acredito que a melhor forma de os reconhecer, de ultrapassar os problemas é ser submetido aos problemas. Da mesma forma que as vacinas são pequenas doses de vírus.
Não castrem os miúdos, não os impeçam de errar, com alguma rede de segurança, senão corre-se o risco de eles não terem auto-estima, auto-conhecimento emocional e sexual, e capacidade de enfrentar os tubarões e leões deste mundo.
Este mundo é cada vez mais complexo, mais complicado, e não é fácil triunfar nele, profissionalmente, familiarmente e emocionalmente. Se o miúdo tiver os pais como apoio e maiores amigos e fãs, ao invés de os seus maiores críticos e opressores, quase com certeza terá uma personalidade estruturada, forte e capaz de passar o mesmo aos vossos netos.
Deixem os miúdos fazer as asneiras todas antes de casar, não vão eles ganhar vontade depois.
Palavras de um teórico, lírico talvez, mas muito esperançado.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

"Será agora?"





Dia 6 de Junho de 2009. 06-06-2009. Apesar das parecenças com o dia do Diabo, foi ainda pior que o próprio.
Na manhã desse dia, um dia chuvoso, deslocava-me para o trabalho como sempre.
Num momento de distracção, em que julgo ter adormecido, acordei para a situação em que estava. O carro bateu no que julgo ter sido o rail, e rodopiei intensamente, enquanto gritava, tentando repor algum controle sobre a realidade, parando apenas na berma desnivelada.
O meu primeiro pensamento foi: " o que se passa"? Em momento nenhum me recordo de ter perdido o controlo do carro...apenas rodopiar e ver tudo a girar. Parecia um sonho mau, um pesadelo incontrolado, em que só poderia esperar um desfecho bastante negativo. Antes de parar pensei: "é agora que vou morrer?"
O carro parou, sentia-se o cheiro e fumo dos travões abs. Tremia por todos os lados...Não queria acreditar.
Alguns carros paravam á frente. Um senhor veio , abriu a porta do passageiro e ajudou-me a sair. Os meus gritos transformaram-se em choro convulsivo. Todos tentavam acalmar-me, perceber o que se havia passado e consolar-me. Como se consola uma pessoa que trabalhou vários anos para pagar um bem que escolheu com dedicação e do qual apreciava o conforto e comodidade que ele lhe dava como meio de transporte e de usufruto?
Muito do meu suor estava naquele carro, horas, dias, anos de trabalho. E faltavam ainda alguns anos para que ele fosse totalmente meu. Para quem decidiu não ter seguro contra todos os riscos, tal situação afigurava-se insuportável. Cada olhadela para o estado do carro, fazia com que os nervos deixassem sair os lamentos de tal situação em forma de choro gritado.
Os transeuntes entraram em contacto com o meu chefe e o meu pai. A ambos tentei dar a mensagem necessária, para os informar e partilhar alguma dor. Pouca coisa me saía da boca. Na minha mente a Terra havia deixado de rodar. Eu ia apenas trabalhar mais um dia, mais um dia de viagem e de suor, objectivos cumpridos e por cumprir. Apenas viver. Trabalhar também é viver.
A vida podia ter-se esvaído naquele dia, todos dizem que vão-se os anéis e ficam os dedos, mas...aquele anel era um dos meus preferidos, com todos os predicados pedidos: estofos de couro, leitor de 6 cds, cd mp3, ar condicionado, espaço para transporte de pessoas e artigos. Uma mégane á maneira. Estou aqui a escrever, sentado, com a posse de todas as minhas faculdades mentais e físicas, e um novo começo, mas perdi algo querido, um pedaço de metal, é certo, mas que significava bastante.
Na minha cabeça ressoa tudo que poderia ter feito para que tal não tivesse acontecido, as palavras de aviso de mãe e amigos quando me diziam para andar devagar, especialmente na chuva, o amigo José Anjos que perdi em 1997 em acidente de viação.
A todos aconselho: Carpe Diem, com juízo, cuidado na estrada. Elas acontecem mesmo e não é só aos outros.
Cuidem-se.

sábado, 7 de março de 2009

A pressão dos Trinta ( solteiros com mais de 30 anos )




Os solteiros de mais de 30 anos, sentem-na?
32 anos é uma idade gira. Devo dizer que a partir dos 25 comecei a não gostar de fazer anos.:-). Os anos começam a pesar e parece que queremos fazer parar o comboio ( que diria destas palavras alguém de 60? ). Mas a verdade é essa. Esperamos muito de nós próprios e, no meu caso, esperava que a vida estivesse diferente nesta altura.
Ao nosso redor, casamentos, miúdos, sobrinhos, a avó a perguntar quando é o nosso casamento ( até nós pensamos que devíamos assentar, não encontramos é com quem ). No caso das mulheres o relógio biológico, "ser mãe ou não ser"...? No caso dos homens:" o puto com 10 anos, eu terei 40, e as futeboladas"? lol. Frases anedóticas, mas que encerram um fundo de verdade.
No nosso caminho de vida, encontrámos pessoas que nos deram esperança de juntar os trapinhos, viver em conjunto, atravessar as tempestades debaixo do mesmo guarda-chuva ( beijos Rihanna, lol ). Por alguma razão não o fizemos. Uns lamentam-na, outros têm a convicção que tomaram a atitude correcta. A verdade é que os dias passam, com mais ou menos alegrias e com mais ou menos vantagens por se ser solteiro e independente. A liberdade e a ausência de compromissos relacionais, pela falta de carinho diário e construção de uma história de vida : troca justa?
Por mais que lutemos e discutamos, homens e mulheres não conseguem deixar de estar juntos ( mesmo que homens com homens e mulheres com mulheres..lol ). Os amigos conseguem de certa forma amenizar a necessidade de contar as nossas vivências e preocupações do dia-a-dia, mas não conseguem colmatar a falta da "cara-metade", aquela pessoa que está lá para o que der e vier, nos dá força, nos ama e nos quer tanto como a ela própria. Se calhar é um pouco uma figura maternal ou paternal, numa segunda fase da nossa vida. Não sou muito pelo complexo de Édipo ou de Electra, mas acho que de alguma forma têm influência, dados os modelos de personalidade que obtemos nos primeiros anos de vida. Os nossos pais enamoram-se de nós e nós de certa forma enamoramo-nos deles. A liberdade que ganhamos em relação a eles ( monetária, emocional e social ), torna-se menos apreciada com o passar do tempo, quase monótona, e quase apetece perder parte da liberdade "conquistada" para ter de "prestar contas" à pessoa que amamos.
A solidão é a cruz dos egoístas, e há noites frias em que, apesar de rodeamos por centenas de pessoas, nos sentimos sós. Olhamos ao redor e por vezes sente-se inveja da aparente felicidade do casal. Acredito eu que grande parte do comportamento humano é pura imitação e reprodução de comportamento observado ao longo da nossa vida, e se aquilo nos parece bom, também queremos um "pedaço daquilo" ( beijos Britney lol ). Há mil e uma formas de não estar sozinho, mas as amizades e mesmo as coloridas não enchem o coração com o prazer de amar e ser amado, a calma de se ter encontrado alguém tremendamente especial e que não queremos perder, e nos olha da mesma forma.
A companhia de outro ser humano é algo bom, especialmente quando se cria cumplicidade tal que um é o braço direito do outro, o ombro onde deitar a cabeça, o peito onde suspirar. Cria-se uma história, um laço tatuado, que permite ás pessoas aguentar as contrariedades do dia a dia, correr em conjunto por objectivos comuns e para a família, e sentir-se realizado. A vida tem mais sentido assim, agora reconheço.
Não é fácil escolher, mas...quando surge a possibilidade de ser aquela a pessoa, a nossa única hipótese é atirarmo-nos de cabeça, pois a paixão não pede menos que isso. Se errarmos, erramos, mas "errare humanum est" e faz parte da nossa natureza. Não há como deixar de errar, pela esperança de ser feliz.

"A vida ás vezes é uma porcaria, mas é sempre a porcaria mais gira que existe". Pedro Magalhães

Beijos e sejam felizes.