domingo, 22 de novembro de 2009

Suportar o Síndrome "Dead Man Walking"





Boas Zé...
Quando foste, dia 4 de Fevereiro de 1996, abanaste o mundo de muita gente, inclusive o meu.
Foi uma das machadadas nas crenças religiosas, e um culminar das interrogações ácidas que me inundavam pela leitura da Bíblia e análise dos factos e probabilidades. Acordei da sensação de imortalidade e caminhada rumo a uma pesagem de actos, e caí na racionalidade extrema de um ser pensante, mas igual a todos os outros nesta Terra. Doeu. Assistir à morte de avós marca, mas, ser atingido pela noticia de uma morte inesperada de uma pessoa jovem e diariamente presente na minha vida é mais impactante. Dizem que a Natureza não dá saltos evolutivos, mas a fila para a reciclagem não é linear, dá saltos nos números e saltos bem visíveis.
Sempre fui ingénuo e lírico, e a esses a vida dá socos no estômago com fartura.
Não pude evitar deixar de pensar que fui um afortunado, porque apesar da relatividade da situação, a ti foi-te dado apenas 20 anos para viver. Se 80 anos é pouco, o que dizer de 1/4 disso? Não é fácil nem saudável enumerar todas as experiências que te faltou concretizar e saborear nesta vida. Tinhas solidez e apoio familiar, inteligência e destreza suficiente para seres um homem realizado e bem sucedido. Mas o raio caiu, e caiu bem ao meu lado. Deu para ouvir o trovão a estourar-me os tímpanos, com um milésimo de segundo de diferença com o clarão.
A seguir sou eu. Não interessa quando, mas sou a seguir. O problema é mesmo esse...somos a seguir. Nem interessa bem qual é o número, pois a chamada é aleatória, mas somos a seguir, e a Natureza não se esquece de nós. "Sooner or later God's gonna cut you down" cantava Jonnhy Cash. Se fosse Deus eu nem me importava muito. Preocupo-me e tento tratar o meu semelhante como acho que é suposto ser tratdo por ele, daí que seria considerado um aluno regular na escola de Deus. Mas ao que me parece Deus apareceu com a primeira centelha de inteligência, imediatamente a seguir ao medo de morrer. O homem tomou consciência de que se o "Zé" dele morreu, ele corria o mesmo risco de partilha de destino. Mas se ele lhe era assim tão importante, obviamente que haveria algo depois, pelo que o deveria sepultar, em posição de "feto adormecido" com as suas ferramentas, jóias e armas.
Mas, e quem perdeiu a esperança de ser "filho protegido de Deus"? Quem olha para o braço e vê "tatuado o número seguinte"? Como se vive a prazo? Como se saboreia as férias que acabam em dia incerto, mas que sabemos que acaba? Como se corre sendo que somos "dead man walking"? Há o suposto antídoto "Carpe Diem". Dificil de engolir, cada vez mais quanto mais os anos passam. Provavelmente é por isso que a Natureza nos faz definhar, nos inutiliza aos poucos. Para que estejamos já tão diferentes do que fomos um dia, e tão debilitados que aceitamos a inevitabilidade de termos de morrer. Sentimos a falência iminente.
E a questão principal? Como se vive? Provavelmente olhando 10 metros em frente, em vez de alguns kilómetros, para que não se possa ver o precipício. Ou então olhar para o lado e perceber que a galé está cheia de "condenados" nas mesmas condições e alguns ainda são mais chicoteados do que nós e remam apenas com um braço dado que o outro já lhes foi tirado. Mas eu não sou o Ben-Hur. Só consigo ver o que não tenho, bem como a maioria desta geração ocidental. E por isso somos tão infelizes. Temos telemóvel, computador portátil, 200 canais, podemos comer alimentos de quase todo o mundo, mas há dias em que nos deitamos com menos felicidade (caso houvesse uma forma de o medir), do que os nossos avós após um dia extenuante de trabalho no campo. Suados, com calos doridos, mas com esperanças, sensação de concretização e dever cumprido. Saber demais não traz felicidade, talvez seja essa a mensagem da parábola de Adão e a sua Maçã. Ter demais também não a traz, mas sim não o ter e consegui-lo hoje, e conseguir amanhã, e querer ainda mais para a semana. Ter conseguido ontem, vai-se dissipando no tempo. A que soube o dia de ontem? A pouco, a quase nada, um pouco mais que o anteontem e o dia especial da semana passada. O Hoje é mais intenso. O Agora é especial. E o Hoje pode ser concretizador ou um insatisfeito momento. Tal como na cantiga de Sérgio Godinho, sabendo-nos a pouco. O Amanhã traz-nos o incerto, a esperança ou o negro futuro. O condenado espera apenas o dia da execução, cada dia que passa é menos um dia, a meta aproxima-se, já vê o manto escuro e o brilho da foice. Assim somos nós, se pensarmos bem nisso. Mas não convém. Antecipar a dôr de barriga enquanto se come retira o sabor da comida.
A despreocupação da criança dentro de nós é bem mais saudável que deixar sair o "velho", o ser consciente da sua perecibilidade e da relatividade de tudo que aqui se passa.Somos tal como uma pequena chama de um fogo, nasce, extende-se e extingue-se num ápice e ninguém a percebe a menos que tenha tocado alguém. Podemos tocar, aquecer ou queimar amigos e família, conhecidos e quem passa pelas nossas vidas. Para todos os restantes somos basicamente invisiveis. Quando era miúdo queria ser famoso, para assim ser menos mortal, ficar algo meu neste mundo, ser admirado pelas gerações futuras. Também não adianta de muito. Mas devo reconhecer que a semi-imortalidade de actores ou beneméritos famosos me continua a atrair, até porque continuo a idolatrar alguns deles. A morte mete-nos medo e fascina-nos. Criou todo um universo de crenças, de figuras mitológicas, de explicações de fuga, de interações. Mas a morte é a morte, seca e directa. Só se pode queixar da morte quem alguma vez foi vivo, e nem todos serão vivos algum dia.
Não tenho a solução para o que o titulo deste texto antevia... Mas a vela só tem a bonita chama se queimar a cera, e a cera vai acabar, e entretanto tudo é quente e luminoso. Enquanto escrevi, estes 2 dias, a dor diminuiu. Encontrar a forma de dominuir a dor talvez seja o caminho...

sábado, 19 de setembro de 2009

O arco-íris das amizades.






Quando éramos miúdos inocentes tudo era fácil.
As meninas eram meninas, diferentes sim, mas não seres enigmáticos e complicados de entender e conquistar. Brincava-se aos médicos e aos papás e mamãs sem problemas, sem consequências, só pelo prazer da descoberta, da partilha e da curiosidade.
Não pensávamos que estávamos em lados diferentes da barricada do amor e da sedução, só não entendíamos como é que elas eram um pouco diferentes de nós. Eram meias amaricadas...lol. Apenas não queriam que lhes mexessem nas bonecas e queriam a última Barbie, nós apenas pensávamos em futebol e no ultimo "action-figure".
Alguns anos depois tudo muda. O "peso" da adolescência e do sexo, cria a guerra. Elas sabem o que nós queremos e nós sabemos que elas não vão querer assim tão facilmente. Educadas para serem recatadas, entrincheiram-se e geralmente têm uma relação com a fisicalicade menos impulsiva do que nós. Nós tornamo-nos ardilosos e maquiavélicos...lol
Com o tempo, as batalhas vão sucedendo e alguma resultam em Armistícios e consequentemente casamentos ou outro tipo de relações formais duradouras. A partir desse momento ( em principio )quem está casado tem a porta de pelo menos um quarto aberta para não sentir mais a solidão manual. E os que ainda continuam no campo de batalha? Esses vão lutando aqui e ali á procura do "inimigo perfeito" para assinar. Enquanto não o encontram, querem saciar todas as curiosidades e necessidades com os errados. ( "Se não encontras a mulher certa, diverte-te com as erradas" - não sei quem disse, mas tinha a sua razão. )
Os errantes, têm as suas necessidades físicas e emocionais, bastantes normais e crescentes nos "intes" e "intas", e se calhar até nos "entas". Provavelmente cresce enquanto somos vivos. Errantes que encontraram vários casos, passaram por várias "guerras mundiais". Ás vezes as barreiras caem, e encontram um ponto de união. Mesmo sem darem tudo um ao outro, consideram importante e vantajoso para ambos, trocarem carinho, vivências, partilharem momentos, alegrias, cinema, restaurante, beijos semi-apaixonados, banco traseiro do carro e por vezes motel da zona ou a casa de um deles. Estar sozinho ás vezes é mais doloroso que erguer a bandeira branca e esperar pelo melhor. Ás vezes corre muito bem, as pessoas entendem-se, trocam essências, partilham as suas histórias, os seus problemas e conseguem-se fazer um pouco mais felizes um ao outro. Algo de errado? Absolutamente nada se ambos se derem na mesma medida. Se um não for buscar mais á relação do que o outro, ou um não pedir mais do que o outro está disposto a dar. Mas parece a melhor solução intermédia para ser só e sobreviver.
Há quem prefira esperar na trincheira pelo General Certo, não se envolvendo de forma alguma caso não haja sentimentos fortes, prenunciadores de um desfecho pacífico.
Gostava de vos recordar do texto sobre o beijo, e dizer...um beijo a mais é melhor que um beijo a menos.
Acredito que os indecisos e erráticos soldados esperam alguém que os faça ficar de joelhos, capitular e esquecer de que terra ou país são, mas tarda em aparecer.
Têm receio de serem enganados ou que a contra-parte não seja exactamente o que esperavam, pelo que a paz não vai ser duradoura, e vai provocar ainda mais mortos e mais dôr que a actual. Tantas vezes a paz aparente é perturbada por denúncias do tratado que estava em cima da mesa para posterior assinatura, por vezes em alguns anos.
Em suma, acredito que os "guerreiros repousados sob o arco-íris" podem ser uma grande amizade e fonte de crescimento pessoal enquanto as pernas não fraquejarem, se totalmente imbuídos do espírito de comunicação, solidariedade e respeito que une os amigos. Em vez de se esperar pelo inimigo na trincheira, uns dias é na trincheira dele, outras é na nossa. Viva a côr. ( Não, este texto não tem o patrocínio da Robialac ou da CIN)

Pssst!! Se faz favor....queria uma relação perfeita.




Bom dia. Já que estou vivo e me sinto só, queria uma pessoa quase perfeita para partilhar a vida.
Parece estranho, não? Nas nossas vivências precisamos, num ou noutro momento ou então sempre, de alguém com quem partilhar alegrias e problemas. Faz parte do ser humano, uma emotividade intensa. Uns disfarçam-na com o trabalho, com o amor a si próprio e egoísmo sentimental, mas existe sempre.
Esta sociedade de consumo onde somos bombardeados por imensa publicidade e todos os dias analisamos centenas de factos, comparando características, decidindo qual o melhor, mais barato, provamos marcas e satisfazemos a curiosidade do provar encontra de alguma forma um paralelo na nossa vida sentimental. Queremos uma mulher mistura de Beyonce com Katy Perry, com pozinhos de Katherine Heigl e a mente da Dra. do apoio sexual.
Mas encontramos alguém que nos diz algo...os olhos, o aspecto, a forma de falar, aquele sorriso, algo nos puxa irremediavelmente para o queremos para nós. Brinca-se com as palavras, joga-se a batalha da sedução e...ás vezes ganha-se. E é terrivelmente bom. A adrenalina e as hormonas inundam-nos nos primeiros beijos, nos primeiros toques, mas vamos conhecendo a pessoa e recebemos também tudo que ela tem, de bom e de menos bom. Com o tempo tendemos a desvalorizar o ser que temos ao nosso lado, e pior, a olhar para os novos "modelos que saíram este ano". Os beijos, os toques, a troca de prazer começa a não ser tão inesperada, a curiosidade perde-se um pouco. O que comparado com o desconhecido da pessoa que encontrámos no café ou a colega do emprego ou a empregado de bar onde se costuma ir, começa a perder terreno. Voltamos a ser o "descobridor", que quer saciar a curiosidade e fazer inverter vertiginosamente a montanha russa da sedução e da insinuação em que se converteu a nova "amizade". Todos queremos abrir a caixa, provar o queijo, podemos é entrar na ratoeira.
Que dizer á pessoa que tal como nós investiu na relação? Desculpa, mas passou? É só uma brincadeira e depois volto para ti? Sou de várias pessoas? É só sexo?
Talvez por este receio procuramos a melhor pessoa possível para nós, quase perfeita. Linda, inteligente, espirituosa, compreensiva, trabalhadora, sensual e uma fera na cama. Tudo para nos precaver de matar as curiosidades que um dia nos vão aparecer, e poder ganhar a luta entre manter o excelente modelo velho que temos ou provar o novo desconhecido modelo.
Todas as desculpa são boas para evitar queremos descobrir a novidade. Para o homem é mais complicado resistir aos encantos do que ainda não se provou. Porquê? Porque temos tendência a querer provar várias para descobrir quem queremos amar. Porque, na nossa cabeça,sermos amados por várias significa que somos excelentes homens e porque no nosso crescimento não fomos habituados a controlar o apetite pelo fruto proibido, mas antes a fazer crescer a ânsia de o comer, porque "é de homem". A mulher tende a não sobrevalorizar características sexuais. Ama e tenta amar até ao fim, amenizando os defeitos.Provavelmente prefere a estabilidade, a segurança de uma relação construída, o pai para os filhos. Acho que o amor feminino é mais puro, mas emotivo,embora já o tenha sido mais... O homem é menos capaz de se sacrificar pela estabilidade da relação, pela sua leveza de consciência ( principalmente porque parece ser capaz de comer fora e entrar em casa com toda a leveza do mundo perguntando se a comida está pronta ). É capaz também de ir buscar pão á padeira, peixe á peixeira, e carne á mulher do talhante, sendo que em casa tem a esposa que trata dos filhos, sem a tratar como o hipermercado que consegue ser.
Os homens gostavam de casar com a mulher quase perfeita. Porquê quase perfeita? Porque se fosse perfeita seria complicado atirar-lhe á cara algum defeito ou perceber que ela estava sempre certa e ele errado.
A mulher também não deve querer o homem perfeito dado que seria bastante complicado guardar aquele "naco de carne" de todas as leoas descomprometidas ou não, carentes por um homem a sério, que as trate como pessoas a sério.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Caros pais...( para reler quando eu for pai , e ele(a) tiver 15 anos )





Começo a sentir a vontade de ter filhos...
É algo que não esperava. A ideia de poder ter um ser que aprende comigo, para quem eu sou importante, que me ama e precisa da minha ajuda começa a seduzir-me mais do que a ideia que terei de dedicar parte da minha vida a tratar dele, a mudar-lhe as fraldas e dar-lhe de comer.
Sinto alegria em brincar com a minha sobrinha, continuo a ser um "puto" grande pelo que brincar é inerente á minha natureza. Imaginar isto e aquilo, fazer aquela careta ou o té-té..
Mas eles crescem...e eles tornam-se semelhantes a nós.
A minha vontade de ter filhos passa também pelo desafio de tentar fazer mais do que o que os meus pais fizeram por mim. Não me posso queixar de quase nada, foram pais extremosos e preocupados. Apenas posso dizer que tomei para mim o sentido critico e auto-critico que tanto seguíam, que tem consequências boas e más.
De qualquer modo...
Que fazer quando o filho/a cresce?
No meu entender, é necessário relembrar sempre a nossa própria juventude na tentativa de educação saudável dos nossos filhos. Tendo isso em mente, o nosso rebento vai crescer e ser submetido a vários meios, vai sentir impulsos e tentar perceber como viver neste mundo. Os pais ficarão divididos entre "controlar" os filhos, e "dirigir" o seu crescimento, impedindo que eles sejam submetidos a alguns problemas ( assim julgam eles ) ou então deixar o filho ultrapassar todos os problemas de forma autónoma. Uma espécie de divisão entre o estado Comunista e o Estado Liberal na Economia.
Dada esta divisão, a minha teoria é esta: nenhuma informação é "too much information".
Quando os miúdos e miúdas tiverem idade ( e terão mais cedo que que pensamos ), convém dar-lhes alguma liberdade, mesmo que seja para levar algumas lambadas da vida, mas sempre com a consciência e a informação de que elas existem.
Os pais muitas vezes não se apercebem, ou apercebem-se tarde demais ( com consequências nefastas a nível psicológico para o filho )de que as limitações morais, de comportamento e hábitos, que impõem aos filhos, especialmente no caso do sexo feminino, os castra e os impede de "crescer". Muitas vezes, já com idade para serem mães , querem que as filhas sejam ainda "virgens", mas que encontrem um "marido bom" rapidamente. Bons maridos, já não há muitos, e não andam das 8 da manhã ás 23 da noite na rua. É nesta altura que os pais e mães deveriam pensar no que estava a fazer, ou tinham vontade de fazer com a idade deles, e até fizeram mas não contam a ninguém.
Devassidão? Existe. Em conta e medida correcta, é necessário. Quem decide a quantidade? Cada um de nós após a maioridade. A total inexistência da liberdade afectiva e sexual pode resultar em problemas complicados a nível emocional e estrutural nas pessoas, acredito eu. Nesta sociedade de pressão, desde a tenra idade, são os pequenos hobbies e alegrias, nas quais se incluem também namorar, beijar e fazer sexo, que nos permitem ser um pouco mais felizes.
A falta de liberdade é tão grave quanto a liberdade levada ao extremo, pode resultar em problemas tão ou mais graves. Aos 30-40 anos, muitas mulheres pensam...devia ter lutado mais pela minha vida, ser mais rebelde provavelmente seria mais feliz.
Só há uma idade para fazer as coisas. É esta. A idade anterior já passou, não volta.
Há doenças, há gravidezes inesperadas, há predadores emocionais e sexuais. Sim há isso tudo. Mas, acredito que a melhor forma de os reconhecer, de ultrapassar os problemas é ser submetido aos problemas. Da mesma forma que as vacinas são pequenas doses de vírus.
Não castrem os miúdos, não os impeçam de errar, com alguma rede de segurança, senão corre-se o risco de eles não terem auto-estima, auto-conhecimento emocional e sexual, e capacidade de enfrentar os tubarões e leões deste mundo.
Este mundo é cada vez mais complexo, mais complicado, e não é fácil triunfar nele, profissionalmente, familiarmente e emocionalmente. Se o miúdo tiver os pais como apoio e maiores amigos e fãs, ao invés de os seus maiores críticos e opressores, quase com certeza terá uma personalidade estruturada, forte e capaz de passar o mesmo aos vossos netos.
Deixem os miúdos fazer as asneiras todas antes de casar, não vão eles ganhar vontade depois.
Palavras de um teórico, lírico talvez, mas muito esperançado.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

"Será agora?"





Dia 6 de Junho de 2009. 06-06-2009. Apesar das parecenças com o dia do Diabo, foi ainda pior que o próprio.
Na manhã desse dia, um dia chuvoso, deslocava-me para o trabalho como sempre.
Num momento de distracção, em que julgo ter adormecido, acordei para a situação em que estava. O carro bateu no que julgo ter sido o rail, e rodopiei intensamente, enquanto gritava, tentando repor algum controle sobre a realidade, parando apenas na berma desnivelada.
O meu primeiro pensamento foi: " o que se passa"? Em momento nenhum me recordo de ter perdido o controlo do carro...apenas rodopiar e ver tudo a girar. Parecia um sonho mau, um pesadelo incontrolado, em que só poderia esperar um desfecho bastante negativo. Antes de parar pensei: "é agora que vou morrer?"
O carro parou, sentia-se o cheiro e fumo dos travões abs. Tremia por todos os lados...Não queria acreditar.
Alguns carros paravam á frente. Um senhor veio , abriu a porta do passageiro e ajudou-me a sair. Os meus gritos transformaram-se em choro convulsivo. Todos tentavam acalmar-me, perceber o que se havia passado e consolar-me. Como se consola uma pessoa que trabalhou vários anos para pagar um bem que escolheu com dedicação e do qual apreciava o conforto e comodidade que ele lhe dava como meio de transporte e de usufruto?
Muito do meu suor estava naquele carro, horas, dias, anos de trabalho. E faltavam ainda alguns anos para que ele fosse totalmente meu. Para quem decidiu não ter seguro contra todos os riscos, tal situação afigurava-se insuportável. Cada olhadela para o estado do carro, fazia com que os nervos deixassem sair os lamentos de tal situação em forma de choro gritado.
Os transeuntes entraram em contacto com o meu chefe e o meu pai. A ambos tentei dar a mensagem necessária, para os informar e partilhar alguma dor. Pouca coisa me saía da boca. Na minha mente a Terra havia deixado de rodar. Eu ia apenas trabalhar mais um dia, mais um dia de viagem e de suor, objectivos cumpridos e por cumprir. Apenas viver. Trabalhar também é viver.
A vida podia ter-se esvaído naquele dia, todos dizem que vão-se os anéis e ficam os dedos, mas...aquele anel era um dos meus preferidos, com todos os predicados pedidos: estofos de couro, leitor de 6 cds, cd mp3, ar condicionado, espaço para transporte de pessoas e artigos. Uma mégane á maneira. Estou aqui a escrever, sentado, com a posse de todas as minhas faculdades mentais e físicas, e um novo começo, mas perdi algo querido, um pedaço de metal, é certo, mas que significava bastante.
Na minha cabeça ressoa tudo que poderia ter feito para que tal não tivesse acontecido, as palavras de aviso de mãe e amigos quando me diziam para andar devagar, especialmente na chuva, o amigo José Anjos que perdi em 1997 em acidente de viação.
A todos aconselho: Carpe Diem, com juízo, cuidado na estrada. Elas acontecem mesmo e não é só aos outros.
Cuidem-se.

sábado, 7 de março de 2009

A pressão dos Trinta ( solteiros com mais de 30 anos )




Os solteiros de mais de 30 anos, sentem-na?
32 anos é uma idade gira. Devo dizer que a partir dos 25 comecei a não gostar de fazer anos.:-). Os anos começam a pesar e parece que queremos fazer parar o comboio ( que diria destas palavras alguém de 60? ). Mas a verdade é essa. Esperamos muito de nós próprios e, no meu caso, esperava que a vida estivesse diferente nesta altura.
Ao nosso redor, casamentos, miúdos, sobrinhos, a avó a perguntar quando é o nosso casamento ( até nós pensamos que devíamos assentar, não encontramos é com quem ). No caso das mulheres o relógio biológico, "ser mãe ou não ser"...? No caso dos homens:" o puto com 10 anos, eu terei 40, e as futeboladas"? lol. Frases anedóticas, mas que encerram um fundo de verdade.
No nosso caminho de vida, encontrámos pessoas que nos deram esperança de juntar os trapinhos, viver em conjunto, atravessar as tempestades debaixo do mesmo guarda-chuva ( beijos Rihanna, lol ). Por alguma razão não o fizemos. Uns lamentam-na, outros têm a convicção que tomaram a atitude correcta. A verdade é que os dias passam, com mais ou menos alegrias e com mais ou menos vantagens por se ser solteiro e independente. A liberdade e a ausência de compromissos relacionais, pela falta de carinho diário e construção de uma história de vida : troca justa?
Por mais que lutemos e discutamos, homens e mulheres não conseguem deixar de estar juntos ( mesmo que homens com homens e mulheres com mulheres..lol ). Os amigos conseguem de certa forma amenizar a necessidade de contar as nossas vivências e preocupações do dia-a-dia, mas não conseguem colmatar a falta da "cara-metade", aquela pessoa que está lá para o que der e vier, nos dá força, nos ama e nos quer tanto como a ela própria. Se calhar é um pouco uma figura maternal ou paternal, numa segunda fase da nossa vida. Não sou muito pelo complexo de Édipo ou de Electra, mas acho que de alguma forma têm influência, dados os modelos de personalidade que obtemos nos primeiros anos de vida. Os nossos pais enamoram-se de nós e nós de certa forma enamoramo-nos deles. A liberdade que ganhamos em relação a eles ( monetária, emocional e social ), torna-se menos apreciada com o passar do tempo, quase monótona, e quase apetece perder parte da liberdade "conquistada" para ter de "prestar contas" à pessoa que amamos.
A solidão é a cruz dos egoístas, e há noites frias em que, apesar de rodeamos por centenas de pessoas, nos sentimos sós. Olhamos ao redor e por vezes sente-se inveja da aparente felicidade do casal. Acredito eu que grande parte do comportamento humano é pura imitação e reprodução de comportamento observado ao longo da nossa vida, e se aquilo nos parece bom, também queremos um "pedaço daquilo" ( beijos Britney lol ). Há mil e uma formas de não estar sozinho, mas as amizades e mesmo as coloridas não enchem o coração com o prazer de amar e ser amado, a calma de se ter encontrado alguém tremendamente especial e que não queremos perder, e nos olha da mesma forma.
A companhia de outro ser humano é algo bom, especialmente quando se cria cumplicidade tal que um é o braço direito do outro, o ombro onde deitar a cabeça, o peito onde suspirar. Cria-se uma história, um laço tatuado, que permite ás pessoas aguentar as contrariedades do dia a dia, correr em conjunto por objectivos comuns e para a família, e sentir-se realizado. A vida tem mais sentido assim, agora reconheço.
Não é fácil escolher, mas...quando surge a possibilidade de ser aquela a pessoa, a nossa única hipótese é atirarmo-nos de cabeça, pois a paixão não pede menos que isso. Se errarmos, erramos, mas "errare humanum est" e faz parte da nossa natureza. Não há como deixar de errar, pela esperança de ser feliz.

"A vida ás vezes é uma porcaria, mas é sempre a porcaria mais gira que existe". Pedro Magalhães

Beijos e sejam felizes.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Atracção e beleza.

Todos nós gostamos mais de algo, em relação a outra coisa. Bebidas, comidas, cheiros, etc.Os gostos nem sempre são parecidos,se nem que se podem encontrar correntes maioritárias e modas, e os gostos desenvolvem-se com as sociedades e a idade dos indivíduos.
quando pensamos no fenómeno do enamoramento ou da atracção encontramos uma componente visual, uma componente mental, e dizem, uma componente odorífica. Quanto à componente dos cheiros, todos segregamos feromonas pela pele que são agentes atractivos e afrodisíacos para quem os cheira. Verdade ou não, há cheiros no corpo da mulher que considero bastante bons. O cheiro de cabelo molhado, o cheiro do pescoço e da orelha, a mistura do cheiro dela com alguns perfumes parece que nos elevam no ar, até algum suor feminino parece ser especial.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Os Sexos e o Sexo...



Não pretendo fazer deste texto uma forma de justificar o comportamento de homens ou mulheres em relação ao Sexo, apenas mostrar as pressões e as condicionantes que todos nós sentimos, em relação a este acto. Decidi fazer este texto, motivado pela leitura dos comentários de algumas mulheres que afirmam que o "homem só pensa em sexo" e que isso é para ele a coisa mais importante na vida.
Para analisar esta constatação devemos observar as várias vertentes do Sexo. A vertente física, a vertente hormonal, a vertente animal, a vertente social, a vertente económica e a vertente emocional.

Na questão física, temos de verificar anatómicamente a situação, em que a mulher é a "penetrada" e o homem o "penetrador" ( isto em principio :-)), o homem tem o seu prazer quase garantido e a mulher pode passar por uma experiência desagradável e fisicamente e emocionalmente dolorosa ( muitas vezes é quase um acto feito por uma pessoa e um "objecto" ), a mulher "submete-se" ao homem, ( geralmente mais passiva no acto, espera ela que o homem seja capaz de o desempenhar com cuidado e especialmente carinho, e mais do que prazer espera validação emocional ).
Para além disso, sem grande explicação, a mulher nasce ( em principio ) com um "sêlo de segurança" que comprova se a "embalagem" já foi violada, e que cada vez menos tem importância, mas que já foi motivo de tudo desde rejeições, renegações a guerras e assassinatos. Também isso influi fisicamente no seu comportamento inicial em relação ao sexo e deixa a sua marca na na sua forma de encarar o sexo.

No fundo ou no início somos animais e acredito que tenhamos instintos básicos, devido também aos mecanismos hormonais e de sobrevivência ancestrais. O macho ( no caso da maioria dos mamíferos em bando) tem uma "mania" de tentar conquistar o maior número de fêmeas e agressivamente lutar pelo direito á procriação com as mesmas.
A "pressão" da testosterona e da oxitocina e os nossos "cliques" de procriar ( o máximo possível no caso dos homens e em segurança familiar e de recursos, no caso das mulheres ) também terão uma palavra a dizer, mesmo que apenas residualmente. O homem acorda de manhã quase sempre com desejo sexual irreflectido e a sua sexualidade está um pouco associado a um instinto agressivo de possessão( muitas mulheres transsexuais experimentaram um aumento exponencial do desejo sexual e da agressividade após a administração usual de hormonas masculinas para a transformação ). A violação será aqui a expressão máxima do poder da pressão sexual e hormonal sobre o homem, na qual agressivamente ele cede totalmente à necessidade de satisfação de prazer e desrespeita totalmente o direito de uma outra pessoa à sua própria vontade, integridade física e emocional. ( regressão do "homo sapiens" ao "austrolopitecus" ).

Temos também a vertente social, a qual advoga que homem "deverá ser viril, interessado em mulheres e alguns comportamentos são desculpáveis porque lhe são próprios" enquanto a mulher " deverá guardar-se, ser sexualmente discreta e ter juízo ou então engravida". Basicamente homem que tenha andado com várias mulheres é macho, mulher que tenha andado com vários homens é "puta". Isto surge enraizado em séculos de glorificação da virgindade feminina, ( injusta pela incapacidade da comprovação da virgindade masculina ), e pelo facto de ser a mulher a que pode aceitar ou não os sempre presente desejos masculinos ( a culpa será sempre dela que "cedeu" ) e o receio da homossexualidade masculina ( será que não há nenhuma relação entre a homossexualidade masculina e as experiências de descoberta entre amigos na falta de contacto feminino?). No fundo a sociedade ( homens e mulheres ) têm receio da liberdade sexual da mulher ( nas suas diferentes idades ) e as mudanças que isso pode acarretar. É um poder bastante grande e que revolucionaria imensos dos conceitos presentes até agora existentes. Imaginem o que seria se todas as mulheres pudessem ter o mesmo comportamento liberal dos homens. Várias instituições sociais correriam perigo, tal como o casamento, a procriação e a prostituição.

Em relação à vertente que denomino de económica decorre do desequilíbrio da "oferta e procura" de Sexo na sociedade. Há uma mole de homens à procura de sexo e uma escassez de "oferta do bem sexo", dados os critérios considerados necessários pelas mulheres. ( As minhas desculpas a quem fica chocado com esta frase, mas é culpa da formação própria ) lol. Mas a verdade não deixa de ser essa. A mulher tende a querer escolher especificamente com quem quer fazer sexo, e o homem não consegue ter acção absoluta sobre esse facto ( a menos que pague a uma mulher que venda o seu corpo, em dinheiro ou outras benesses ). Reparem na discrepância entre o número de prostitutas e de gigolos. A mulher tem sexo quase quando quiser, o homem só quando a mulher aceitar, e muitos são os "não", até lá chegar. Assim, muitas vezes o homem torna-se mentiroso e dissimulado, tentando tudo fazer para subverter a exigência crescente da mulher, com promessas do que ela "espera ouvir". A verdade acerca dos seus sentimentos virá ao de cima quando ele se cansar, ou não, do sexo que tem com ela. Sexo cansa, a comunhão de sentimentos e de personalidades não.( E este "jogo de póker", com apostas cada vez maiores de cada um dos lados, está cada vez pior. Uns mentem, os outros têm medo de ser "enganadas" mais uma vez ) .

Quanto à vertente emocional, o homem, quando faz sexo com uma mulher, tem a certeza que a mulher gosta dele de alguma forma, o aceita e o valida, enquanto a mulher não sabe se o homem gosta dela ou apenas a quer possuir, dada a avidez deste em o concretizar. Há um desequilibro notório no ganho de Ego e concretização pessoal e emocional dos 2 seres. O homem quando faz sexo, tem 3 ganhos, o prazer, a conquista de um objectivo e a garantia de devoção de uma mulher. A mulher, por seu lado, pode, no final do acto, não ter ganho qualquer dos 3. Também por isso muitas vezes usa o sexo, a perspectiva dele ou a falta dele, como arma de conquista, sedução e poder.
O peso do homem, emocionalmente, é necessitar sentir que foi capaz de dar prazer à mulher ( até nisso, a mulher por amor, ou necessidade que a coisa acabe depressa simula o seu orgasmo ). Apesar de tudo, e da insensibilidade masculina tão publicitada, tentem, mulheres, dizer a um homem, mesmo que não goste de vocês, que o sexo que ele vos deu não foi de forma alguma satisfatório, e que o João o fazia bem melhor. Ou que todos os orgasmos tiveram de ser fingidos. Tal como a mulher deseja imenso que o homem desfrute do prazer e ela seja a razão dele, também o homem necessita de se sentir realizado, mesmo que ás vezes seja demasiado egoísta na sua realização. A mulher deseja imenso que o homem ejacule dentro dela ( sem consequências ) e o homem deseja imenso ouvir os gemidos de prazer dela, razão pela qual ás vezes até se torna bruto.

Sexo é para os 2 seres uma experiência física e emocional, embora em doses diferentes consoante o sexo e o individuo. É no meio que estará a virtude, e no aproximar dos 2 extremos, da fisicalidade pura e da emocionalidade exacerbada.
Sexo é um momento único, entre 2 seres, no qual deixa de haver intimidade de cada um e passa a haver intimidade dos 2. Tudo aquilo que se escondeu durante anos passa a ser público para os 2 ( ou para a comunidade internauta quando publicado , lol, brincadeira ).

PS: Tenho 3 conselhos para os amantes, no sentido de apreciar a partilha da intimidade: o banho a dois, a conversa pela madrugada fora (encaixadinhos e nus )sobre as mais variadas situações da vida e os olhos nos olhos enquanto fazem sexo ou amor.

terça-feira, 3 de março de 2009

Motivado pelo texto do Seinfeld


Em conversa com uma amiga do Netlog decidi deixar vaguear a minha mente e as minhas palavras pelo que o Seinfeld toca, de tal forma que todos nos sentimos identificados por esse texto.
No meu entender as questões sexuais são apenas a pimenta do texto, para lhe dar mais graça, e porque muitas vezes um humorista vai buscar as suas experiências e é sempre um homem, muitas vezes a falar para homens. ( claro que a plateia vai ter imensas mulheres mas todas se vão rir se tiverem capacidade de encaixe ).

Primeiro de tudo devo realçar que todas as generalizações que faço relativamente a homens e mulheres são apenas isso, meras generalizações. Cada vez menos há o "comportamento masculino" e o "comportamento feminino". Para o bem e para o mal.
Acredito que todos nós já passamos por isto. Querer conquistar a nossa amiga(o), e ela estar interessada noutra pessoa, da qual muitas vezes ela diz raios e coriscos. O tipo maltrata-a, não lhe liga, ela pergunta a nossa opinião sobre as intenções dele, o que achamos que ela deve fazer, se depois de tudo que se passou deve voltar para ele, ás vezes até conta detalhes da intimidade deles e nós "aguentamos" e tentamos ajudar, cheios de inveja e ciúmes. Parecemos estar "riscados do mapa", carimbados como amigos.
Quer homem quer mulheres têm por vezes a tendência de se apaixonarem e desejarem pessoas que as subestimam ou que não as tratam como elas gostariam. Muitas vezes é por isso mesmo que as sobrevalorizam, porque parecem inatingíveis e continuam a dizer "não". " Mas ela diz não porquê? Logo eu que sou tão isto e aquilo". É uma batalha pela "reparação do ego ferido". Isso também acontece comigo quer como sujeito activo quer como sujeito passivo dos "avanços sentimentais". Magoa bastante ser o amigo e não aquilo que desejávamos ser para a outra pessoa. E homens e mulheres sentem isso. Ás vezes dói tanto que é preferível esquecer a amizade. Pior ainda é quando a pessoa de quem queremos algum carinho, aceitação, nos dá alguma esperança ( nos leva sozinhos a um bar, vamos passear à beira-mar ou se fica a conversar no carro, na praia ou um lugar isolado com vista para o rio com todos os carros ao redor com os seus vidros ressoados )e nós damos o passo em frente e verificamos que tudo aquilo era apenas "amizade". A dor é ter de matar a "esperança" emocional e sexual que cultivamos em casa a pensar nela, a preparar o próximo passo de aproximação, e quando a carência bate é nela que pensamos. Mas ela diz que não pensa em nós dessa forma. O grande problema é que no caso do homem ele até nem ficava muito chateado, podia-se começar como amigo e quem sabe conquistá-la ( algumas mulheres também tentam essa estratégia ), mas geralmente falha. Sem a fagulha inicial da paixão as relações não são tão intensamente vividas.
Pessoalmente acho que amar e não ser amado é das piores sensações que existem, não ser aceite pela pessoa que colocámos no "pedestal-mor da nossa Capela" é auto-destrutivo, provavelmente nem é amor, porque amor é entre 2 pessoas, um diálogo e não um monólogo. Não poder concretizar a relação, saber como poderia teria sido estar com ela, como teria sido sentir o beijo dela, se a relação teria pernas para andar ou não é a Interrogação Torturante. A todos vós que se queixam porque só o(a) tiveram por alguns dias ou meses, eu digo-vos: "Sortudos de uma figa"!!! Tiveram a oportunidade de comprovar a possibilidade ou não da relação, tiveram uma hipótese de viver emoções com ele(a), que é bastante melhor do que alguém que cultivou uma vã esperança teve. Esse vai ter de engolir o sapo sem água e tentar convencer-se de que aquilo nunca ia dar certo ( senão dá em maluco ). Vai até possivelmente conhecer um dia o tipo que afinal ficou com ela e ter de fazer uma representação digna de Óscar.
Nesta não coincidência de vontade sentimentais entre 2 amigos criam-se 2 dilemas. Na pessoa que deseja iniciar a relação , fica dividida entre abandonar a amizade para não sofrer ou manter-se amigo e deixar os sentimentos dissiparem-se no tempo (ambas magoam ), a pessoa que não deseja iniciar, fica dividida entre diminuir o contacto com o amigo para não o magoar, deixando de lhe contar tudo aquilo que os tornava ainda mais íntimos como amigos ou tentar convencê-lo de que são só amigos e é isso que devem valorizar e apreciar. No meio disto há ainda aquelas pessoas que fazem do amigo "ioiô".
Passo a explicar. Quando precisam de atenção e carinho puxam, quando têm medo que ele esteja demasiado perto e com a ideia errada, empurram, mas não para longe, pois podem precisar dele brevemente, para apanhar os cacos que o "ser extraordinário que ela ama" provocou. Os homens (geralmente) têm ainda uma outra que é torna uma amiga em amiga colorida e continuando a desejar aquela que não conseguem conquistar.( Esperança sim, mas sem fome. O martelo para martelar e a chave de parafusos para desaparafusar, cada coisa no seu lugar).
Se é mau um homem aproveitar-se da paixão de uma mulher para a levar para a cama (enganando-a em relação aos seus verdadeiros objectivos e possibilidades da relação) também não é melhor aproveitar-se do desejo de correspondência de vontades para obter vantagens de qualquer tipo ( é apenas outra forma de enganar, mas sem sexo no meio, apenas devoção e favores ). Há mulheres que se aproveitam disso, abusam do poder.
Há também quem se engane a si próprio. O estado de carência e necessidade de atenção e intimidade geram muitas vezes esperanças nas pessoas em relação ás quais estão mais próximas e os amigos são os melhores "alvos". No entanto eu digo: "não devem 2 amantes ser antes de tudo amigos? Porque não basear a relação na amizade? sem amizade, amantes deixam de o ser rapidamente. Mas há uma condição que perturba tudo. Do amigo não esperamos mais do que a amizade, não o julgamos em muitos dos valores que fazemos em relação à pessoa que queremos para nós. Ele é assim, já o conhecemos há muito, se calhar é das pessoas que conhecemos melhor. Ora aí é que está o problema, creio eu. Já somos conhecidos, já sabem o que de bom e de mau temos. O "outro" tem uma vantagem imensa, difícil de superar. É uma personalidade ainda com imenso mistério, de quem ela não sabe tudo, o bom e o mau, como se comporta nesta e naquela situação. Assim, a paixão floresce mais facilmente, porque no seu estado "febril" ele seguramente será aquilo que ela espera que ele seja, pois assim lhe diz a esperança. A mesma que nós temos acerca dela, mas por "febrilidades" diferentes.
Quando nos apaixonamos desculpamos demasiado, tudo no sentido de sermos validados e concretizarmos a nossa Teoria da Felicidade: " só com ele vou ser feliz".
Se não corrermos atrás dos sonhos, seremos ainda mais infelizes do que o que seríamos se não corrêssemos.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Supostamente um texto de Jerry Seinfeld - Excelente!!!

"ELA GOSTA DE TI COMO AMIGO"

Ate hoje pensava que a pior frase que podia ouvir de uma rapariga era "Temos
que falar...". Mas não! A pior frase de todas é: "Eu também gosto de ti...
mas como amigo."
Isto significa que para ela tu és o mais simpático do mundo, aquele que
melhor a compreende, o mais dedicado... mas nunca vai sair contigo.

Vai sair com um gajo nojento que apenas quer ir para a cama com ela. Ai sim,
quando o outro lhe faca alguma das dele, ela chamar-te-a para pedir-te
conselhos.
É como se fosses a uma entrevista de trabalho e te dissessem: "Você é a
pessoa ideal para o posto, tem o melhor currículo, e o que esta melhor
preparado... mas não vamos contrata-lo. Vamos contratar um incompetente. So
lhe pedimos uma coisa, quando esse gajo fizer asneira, podemos chama-lo para
tirar-nos da embrulhada em que ele nos meteu?"

Eu pergunto: o que e que fiz mal? Fomos ao cinema, rimo-nos, passamos horas
em cafés... e depois de quantos cafés ficamos amigos de verdade? Depois de
cinco? Seis? Com um café menos e tinha ido para a cama com ela!! Para as
mulheres, um amigo rege-se pelas mesmas normas de um Tampax: podem ir para a
piscina com ele; podem montar a cavalo; dançar..., mas a única coisa que não
podem fazer com ele e ter relações sexuais.
Ainda por cima, bem vistas as coisas... se para uma mulher considerar-te
"seu amigo" consiste em arruinar a tua vida sexual, o que fará ela com os
inimigos? A mim parece-me muito bem que sejamos amigos, o que não percebo e
porque e que não podemos "ir para a cama como amigos". Eu penso que a
amizade entre homens e mulheres não existe, porque se existisse saber-se-ia.
O que acontece e que quando ela te diz que gosta de ti como amigo, para ela
significa isso e ponto. Mas para ti não. Para ti quer dizer que se numa
noite estão na praia, ela já com uns copos, esta lua cheia, os planetas
estão alinhados e um meteorito ameaça a Terra... podias muito bem ir para a
cama com ela!!

Por isso engoles... Por isso nunca perdes a esperança. Ela sai com o Joe?
Isso vai acabar. E quando isso acontecer, tu atacas com a técnica de
consolador: "Não chores, o Joe era um chulo. Tu mereces muito melhor, alguém
que te compreenda, alguém que esteja no sitio certo quando tu precisas, que
seja baixito, que seja moreno, que não seja muito bonito, que se chame
John...COMO EU!!"

Pelo menos, sendo amigo podes meter nojo para eliminar concorrência. E a
técnica da "lagarta nojenta". Quando ela te diz:
- Que simpático e o Paul, não e?
- O Paul? E muito simpático... só e pena ser um pouco estrábico.
- Ele não e estrábico, o que tem e um olhar muito ternurento.
- Sim, tens razão. No outro dia reparei nisso quando olhava para a Marta.
- Não estava a olhar para a Marta, estava a olhar para mim!
- Vês como e estrábico?

O cumulo dos cúmulos e o facto dela considerar ter uma relação "super
especial" contigo quando pode dormir na mesma cama sem que se passe nada.
COMO E QUE E??!! Então o "super especial" não seria que se passasse algo?!
Um dia depois de uma festa, tu ficas a ajuda-la a limpar, como fazes SEMPRE,
e quando acabam ela diz:
- UH! Que tarde. Porque e que não ficas cá a dormir?
- E onde e que durmo?
- Na minha cama.

Ai, ate te tremem as pernas. "Esta e a minha noite, alinharam-se os
planetas!". Passados uns minutos, das-te conta que não são precisamente os
planetas que se alinharam, porque ela, como são amigos, com toda a confiança
fica em roupa interior e tu, pelo que vês, pensas: "Vou ter que ficar de
boxers. Com todo o alinhamento de planetas que tenho em cima..." E, assim
que te metes na cama, dobras os joelhos para dissimular. Ela mete-se na
cama, da-te uma palmada no rabo e diz-te "Ate amanha". E põe-se a dormir!
"COMO E QUE E??!! Como e que se pode por no ronco tão cedo? E esta fulana
não reza nem nada?"
Estas na cama com a rapariga dos teus sonhos. No inicio nem te atreves a
mexer, para não tocar em nada. Sabes que se nesse momento fizessem um
concurso, ninguém te podia ganhar: és o gajo mais quente do mundo. E como e
longa a noite! Vem-te a cabeça um monte de perguntas: "Tocar uma mama com o
ombro será de mau amigo? E se e a mama que toca em mim?" Mas depois de
muitas horas, já só fazes uma pergunta: "SEREI REALMENTE UM MANSO?!" Não
podes acreditar que estas na mesma cama e não se vai passar nada. Confias
que, a qualquer altura, ela vai dar a volta e dizer "Anda lorpa, que já
sofreste bastante. Possui-me!"

Mas não. Para as mulheres parece que nunca sofremos o suficiente. E como
sofres... Porque tens todo o sangue do corpo acumulado no mesmo sitio. Já
houve mesmo casos de homens que rebentaram. Mas ainda não acabou a tua
humilhação. As 7 da manha tocam a campainha:
- AH! E o Joe!
- O Joe? Mas ele não te tinha deixado?
- Depois conto-te tudo. Estou com pressa. Esqueci-me de dizer-te que o Joe
ia trazer o cão. Como vamos a praia eu disse-lhe que ficando contigo o cão
não podia estar em melhores mãos. Porque tu és um amigo! UH?! Estas com ma
cara. Dormiste bem?

E ai ficas tu com o cão, que esse sim e o melhor amigo do homem.

JERRY SEINFELD



Só por curiosidade, uma das ex-namoradas de Jerry Seinfeld - Shoshanna Lonstein.
O homem não tinha razão de queixa :-)

sábado, 28 de fevereiro de 2009

O beijo...



Começo por uma constatação de como a língua portuguesa está errada quando se se diz: "posso dar-te um beijo"? Não se dá, partilha-se. "Podemos beijar-nos?" - seria o mais correcto.
Ambos partilham o mesmo beijo. É algo em que os 2 participam activamente.
O beijo, no meu entender, é o acto mais intimo e que dá mais prazer. Nele, ambas as pessoas têm a mesma capacidade de dar e obter prazer, os recursos são idênticos, há um controlo imenso sobre o que se faz ( e consequente descontrolo ehehe ). A língua é um dos nossos órgãos com mais dotes sensoriais e com mais destreza, notória também no sexo oral..lol. O beijo permite uma panóplia de sensações e formas, dada a extrema sensibilidade da língua, pescoço, lábios e pele adjacente. O beijo permite uma interacção pura e o olhar directo. Garante uma libertação imensa de endorfinas e uma sensação de bem estar e prazer na qual julgo estar viciado. É das melhores sensações beijar e ser beijado pela pessoa por quem nutrimos sentimentos especiais.
Tornando-me mais radical acredito até que tal como o homem do projecto FreeHugs deveria haver free kisses providenciados por benfeitoras e benfeitores na rua...lol.
Ou então deveria alterar-se a forma de cumprimento em Portugal dos 2 beijos na cara para o beijo de língua...lol. Seria muito útil para uma triagem dos candidatos a relacionamentos mais sérios, porque, acredito eu, um bom beijo compatível é meio caminho andado para uma relação duradoura. O próprio beijo é das formas mais imediatas de preliminar, sendo capaz de excitar homens e mulheres.
Em vez de cigarros, cafés, mesmo a nata ou o chocolate do dia, seria melhor um par de beijos bem dados...dá o mesmo resultado.
Um bom beijo fica sempre na memória. Há várias formas de beijar e as que mais nos agradam ficam para sempre na nossa mente, bem como os "proprietários" de tais beijos.
O 1º beijo é muito engraçado. Há uma descoberta, ambos descobrem os limites, para onde "ir", como "lutar" com a língua, quando avançar e quando recuar.
Há o beijo em redemoinho, o beijo onda do mar, o beijo meiguinho, o beijo comilão, o beijo braço de ferro, o beijo canavial...o meu preferido é o beijo onda do mar...lol
Beijos com sabor a menta, a rebuçado de morango, chocolate ou gelado tb são muito bons. Um bom beijo é algo insubstituível e dá para fazer mesmo depois da menopausa e andropausa...lol.
Quanto mais beijamos mais queremos beijar. Alguns segundos depois, o sabor da boca da mulher a dissipar-se já dá saudade e queremos repetir.
Até beijo com lágrimas é bom. Não subestimem um beijo de despedida no aeroporto ou na estação de comboio de 2 pessoas que não sabem, quando e se se vão ver mais, e vai ser o início de um tempo de "exílio". Ou o 1º beijo do reencontro....poderosíssimo.
Termino com um pequeno sacrilégio: "beijemo-nos irmãos". :-)

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

A dança do Acasalamento: o Flirt e a Sedução.


Quando entramos na adolescência o nosso comportamento relativamente ao sexo oposto muda bastante. Antes parceiros ou concorrentes em brincadeiras, nas quais pouco mudava em relação ao sexo do parceiro de brincadeira ( salvo brincar aos médicos e enfermeiras, e o futebol e ás bonecas ), agora membros de 2 clubes diferentes, e entre os quais existe todo um conjunto de comportamentos, rituais, limites. Começamos a perceber o nosso poder, o papel que representamos e a consequência para o nosso ego, de sermos aceites e valorizados por uma membro do sexo oposto. ( ou do mesmo, para quem descobre que é gay.. :-) )
Assim sendo começamos a desempenhar o nosso papel no jogo do flirt , na sedução. Não é difícil encontrar comportamentos semelhantes no mundo animal, onde geralmente o macho inicia um ritual de cortejamento, no sentido de impressionar a fêmea, de a fazer atrair pelas suas capacidades e características. Sejam as penas, as papadas, seja dominar outros machos pela força. Na sociedade actual, para além do dinheiro ( demonstrado no que conduzimos, na nossa habitação, nas roupas que vestimos ) existe também o que dizemos e como o dizemos, ou seja, o que revelamos da nossa personalidade e da nossa inteligência. A inteligência e a perspicácia tem na actualidade grande sex-appeal, quase tanto como abdominais definidos ou seios C ou D. :-) Assim como o humor, e a sensibilidade.
Tudo isso é verificado e medido aquando das conversas que se desenrolam entre 2 pessoas, avançando e recuando como espadachins e esperando ouvir a resposta a cada nova estocada."En garde". Defendemos as provocações , provocamos em resposta, ora ficando em vantagem , ora em desvantagem.
Essas conversas são algo viciantes dado que dão uma sensação de prazer ( quando bem desenroladas ), há uma sensação de concretização, massagem mental ao ego, sentimo-nos poderosos e capazes de dizer coisas que afectam a outra pessoa, no bom sentido. Provavelmente comparar o flirt à masturbação mútuas é algo exagerado, mas...é aquilo que me faz lembrar. ( Já alguém disse que as minhas comparações eram do pior :-)) Provavelmente será mais semelhante a uma luta greco-romana moderada, com o sexo oposto, em que quase é tão bom ficar por baixo como por cima, ou correr ao redor da miúda e ela atrás de nós...ehehehe.
Com o passar do tempo e com a repetição do agradável ritual, começa-se a querer mais dessa "luta". A falta dela causa desconforto. ( Aqui não distingo o estado civil dos intervenientes. prazer é prazer, novidade e hormonas continuarão a sê-lo mesmo depois de casados e muitas vezes especialmente depois de casados). Assim sendo essa luta de vontades pode culminar em dar o passo a seguir ( concretizar a luta através do relacionamento físico, sendo que o primeiro beijo é algo de extremamente intenso ) ou então em apenas obter o prazer da luta de vontades e capacidades mentais e de argumentação, não retirando mais prazer do que esse, tornando o ritual num hobby inofensivo. Ou então não, dirão os mais puristas, advogando que tal pode ser considerada uma forma de traição. Não partilho da ideia. Acho que pode ser salutar, praticar a sedução, desde que não se desenvolva, e cada um o encare como brincadeira pura. aliás até acho que a sedução e o flirt deve ser praticado sempre, especialmente com a nossa companheira, tal como uma pontinha de ciúme, para avivar a chama do medo de se perder a pessoa que é "nossa". Pode ser o término do flirt, do batalhar para ganhar o dia, uma das razões para a monotonia sentimental nos casamentos.
No reino do flirt surgem agora novas possibilidades como o flirt virtual nos chats e no Second life ou mundos 3d mais sexuais. Um dia terei de falar sobre sexo virtual..lol
Seja como for, o flirt faz parte da vida, do poder pessoal de agradar e inerente à sua sexualidade. O chocolate da vida, sendo que o amor será a nossa comida substancial preferida e a paixão o gelado com topping. lol

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Amor, Casamento e Partilha - SWING



mais informações sobre o Swing em swingersportugal

Em jeito de continuação ao texto de ontem...
Na minha opinião, é muito difícil escolher com quem passar o resto dos nossos dias. Conhecemos todos os dias novas pessoas, com as suas diferentes personalidades, aparências, características. Algumas delas atraem a nossa atenção e desenvolvem por vezes relações de "flirt" e sedução que nos elevam o bem estar e o ego.
Por vezes sentimos algo diferente, uma necessidade imensa de "nos apoderarmos" daquela pessoa que nos faz sentir que o mundo só tem sentido se ela nos considerar "Deus na terra". É uma necessidade de auto-valoração, de obtenção da companhia dedicada da "special one". É uma sensação maravilhosa, se correspondida.
Uma sensação intensa apesar de não ser eterna. Tendemos a desvalorar aquilo que conquistamos e sobrevalorizar o que ainda não temos, em quase tudo na vida, inclusive nas coisas que consumimos ou adquirimos. Essa mesma sensação de " já tenho não interessa, quero aquilo que não tenho" é o que nos impele a tentar obter a novidade, por vezes arriscando-se a perder o que se tem.
Cada vez mais trocamos de carro, casa, fazemos tatuagens e apagamos. Decisões que antes eram mais duradouras deixaram de o ser. Queremos novidade, queremos viver o máximo da vida antes que ela deixe de existir. Queremos aventura, sensações. Agora queremos viajar, ver países, sentir como é estar no topo da Estátua da Liberdade, estar no Louvre, sentir a adrenalina do bungee-jumping, de forma a colmatar a tensão e a monotonia do trabalho intenso, e muitas vezes contrariado, nos nossos empregos.
Esse síndrome António Variações ("estou bem onde não estou, só quero quem não conheci") é cada vez mais comum. Vemos as coisas que temos mais pelo seu lado crítico que pelo bom, por isso queremos mais, diferente, melhor. Nem nos lembramos que muitas vezes aquilo que temos e desvalorizamos é exactamente o que outro sonha em ter.
O mesmo deve passar-se nas relações decididas a que chamamos casamento, acredito eu, que nunca fui casado, mas a quem o peso da escolha e do "sim" ( pela força que dou a essa palavra )me fazem temer a responsabilidade desse passo.
Acredito que quando 2 pessoas têm um relacionamento devem apenas duas coisas um ao outro, a Verdade e Amor. Na verdade acho que o amor que julgamos ter pela pessoa muitas vezes é apenas amor-próprio, pois vêmo-nos "reflectidos" naquilo que ela pensa de nós. Vemos uma imagem melhorada de nós próprios. Por isso mesmo nos revoltamos tanto e somos capazes de odiar alguém a quem dizíamos amar. O Amor é provavelmente mais egoísta do que aquilo que pensamos. Quantos são capazes de deixar a pessoa que querem amar livremente outra pessoa, para bem dela? Onde está o altruísmo desse Amor? Não deveríamos nós desejar o melhor, e apenas o melhor para essa pessoa? Quantos mentem, manipulam e até matam para obterem o "amor" que desejam?
Nesse sentido não altruísta, desejamos ser únicos e especiais na vida do nosso amado, da pessoa que tem uma relação connosco e com quem casamos. Por isso esperamos e lhe pedimos que a partir do momento que está connosco abandone todo um conjunto de acções e hábitos que tinha quando sozinho, quando solteiro. ( Também porque a sociedade o exige, mas isso será o tema da Monogamia a desenvolver noutro texto).
A traição física ou sentimental não cabe neste modelo de casamento ( qualquer união tomada firma por 2 pessoas, independentemente da forma )e implicará a dissolução do contrato celebrado pelas 2 partes. A infidelidade fere muito, tal como referi no texto anterior.
Mas há um movimento paralelo, semelhante ao praticado por muitas pessoas no passado, mas com nuances. Antigamente, reis e pessoas das classes altas ( provavelmente ainda agora ) casavam com pessoas da mesma estirpe, por motivos sociais e ignoravam voluntariamente as escapadelas e relações extras dos seus companheiros. Separavam assim a relação social do aspecto amoroso e sexual. Neste momento há uma outra separação, o amor do sexo. Apesar de não ser novo ( pode ter nascido com Romanos ou Gregos ), parece-me que os comportamentos liberais tipo ménage e swing está tão ou mais vivo que aquando os anos 60-70, onde era mais ingénuo e despreocupado, como free love, rock and drugs.
É uma forma de ver a vida, sentir que há uma relação tão intensa em termos emocionais que não é o mero físico e a relação sexual fortuita que colocará isso em causa, partilhando muitas vezes essas mesmas relações como casal.
Como vantagem tem a perda do estigma de ser enganado, a libertação de medos de traição ( em principio ) e a dignificação da comunicação e partilha totais. Em contrapartida, pode minar a relação com receios e inseguranças de inferioridade.
A meu ver é algo que me interessa de sobremaneira, há já muitos anos, teria eu os meus 18 anos. Ainda não tenho opinião formada sobre o fenómeno, mas já conheci alguns casais swingers e tenho várias teorias.
Se o que se procura na traição é a novidade do flirt e do sexo com uma pessoa diferente, metade do engano e dissimulação acabariam com a partilha do casal dessas mesmas situações. Claro que não é apenas cimento para relações, pode ser também demolição de uma relação mal fundada, sem alicerces da comunicação e cumplicidade. Pode ser a cura ou o veneno das relações, mas tem muitas potencialidades. Acho que 2 pessoas que se amam de verdade e que partilham a vida poderão partilhar fantasias, aventuras e sentir prazer em ver o prazer do outro, participar na nova experiência da sua cara-metade. Carne é carne, muito menos importante que as emoções e sentimentos que 2 pessoas nutrem uma pela outra. Quem sente ciúmes do vibrador dela? Ou do filme pornográfico e da mão dele?
Vejo até algum carácter altruísta nesse tipo de relação, mas isso sou eu, e as minhas teorias. Devo confessar que aquilo que vivi, na única orgia a que assisti, nada teve a ver com o que esperava ver e sentir. Daí que...uma coisa é fantasiar, outra é viver.

PS: Quem viu a cena impressionante do filme "de olhos bem fechados", poderá ter um relance do que é ver uma orgia.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Traição e relacionamentos.



Depois do texto anterior decidi escrever sobre a traição. Pensava só o fazer mais tarde, mas, o melhor é escrever sobre o tema que me vier à cabeça nesse dia.
Este texto será a primeira abordagem.
Quando duas pessoas se conhecem e se agradam a ponto de prometerem exclusividade (seja essa promessa impossível ou não), devem fazer tudo para o cumprir. Mas mais que a exclusividade, ambos devem ao outro sinceridade, respeito e cumplicidade. Assim sendo não acredito em amor total, em partilha de vida quando parte dessa vida tem de ser escondida do outro, dada a infidelidade.
Acredito que não é fácil dizer não a algumas situações de aventura, mas acredito mais que dizer esse "sim" é o inicio do fim da relação e tudo, mas tudo deve ser conversado entre 2 pessoas que se amam. Basicamente, depois de decidirem passar a vida juntos devem ao outro total transparência. A compreensão deve andar de mão dada com a partilha de situações, e o ciúme deve ser o mais saudável possível. São 2 pessoas que tomaram uma decisão ( passível de recuo ), mas estarão juntas enquanto as duas assim quiserem, nenhuma é propriedade da outra.
Se há "flirts comunicativos" externos à relação? Possivelmente. Ambos continuam a ser pessoas integradas na sociedade, objectos de desejo e de atenção. Mas isso não implica que nenhum coloque em causa a relação por causa de outra pessoa. Se o fizer, que o faça de forma consciente, comunicando que deseja terminar a relação actual e iniciar uma outra. Mas o problema agora é outro. O traidor não consegue deixar o certo, conhecido e mais monótono, pelo incerto, mais misterioso e que parece voltar a dar pimenta à vida, mas que pode ser apenas uma miragem. Assim o traidor tenta o "malabarismo" das 2 relações (quando não são mais).
A razão porque traímos? Basicamente a vontade de mais ( ás vezes menos, mas diferente ). O ser humano quer tudo.Quer ser solteiro e ser casado, quer as vantagens de todas as situações, mesmo que incompatíveis. A diferença é que as relações não são actos de consumo, pois implicam pessoas externas a nós.
Há pouca coisa pior que ser traído.
1º - é uma mentira de uma pessoa a quem demos muita importância e a quem demos a nossa fidelidade, ( ou não ), em quem investimos tempo, energia, sentimentos, sonhos, objectivos.
2º- Desprestigia e desvaloriza todos os momentos bons passados e implica voltar ao ponto 0, ou até -1 ou -2, dada a dor e a desconfiança que surge após a traição.
3º- Retira toda a importância que julgávamos ter. Há uma outra pessoa que tem igual ou maior importância na vida dele, que nos substituiu, seja na cama, ou no coração dele. É um murro no nosso ego e auto-estima.
O pior nem é o que ele(a) fez com a outra pessoa. O pior é ter-nos enganado. quantas vezes nos enganou e quantas vezes mais nos iria enganar?
A "segurança" que o símbolo casamento tinha, foi completamente posta por terra.
Mas já ninguém é enganado pelo símbolo casamento. Ás vezes parece que até piora :-)
No meu caso...a sensação de ser descoberto na traição é-me tão amarga, que prefiro dizer sempre a verdade e prefiro o mesmo. A má verdade dói menos que uma má mentira.
A traição conhecida e permitida, não é traição. É partilha.
Mas isso desenvolverei noutro texto.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Os olhos...


via The Insider

Reparem nos olhos do Nicholas Sarkozy, que tem como esposa Carla Bruni. A "coitada" da Bar Refaeli, modelo israelita foi totalmente despida ;-).
Não peço ás mulheres que compreendam estes comportamentos, mas que pelo menos não nos martirizem. É irreflectido como coçar no meio das pernas.:-) Somos bebes grandes :-)


Vou escrever o que penso em relação a uma ideia: olhos, sensualidade, voyeurismo.
Li o texto de uma mulher que se queixava de sentir a perda de interesse aquando de conversas, verificando que os interlocutores muitas vezes dispersavam-se olhando para o decote dela.
Sim. "Mea culpa" tb. Mas eu consigo ter um olho no burro e outro no cigano....lol
Agora a sério, também o faço, como todos os homens. É inerente a ser-se homem e tenho a certeza que também a ser-se mulher, mas com mais discrição.
Vi um documentário um dia que os perús se excitavam com imagens de "peruas", e reduzindo sucessivamente o objecto, bastava apenas a cabeça estilizada de uma delas, para eles se excitarem. Não creio que nesse departamento sejamos tão diferentes dos perus. Que o diga a Playboy ou a Sexus. Um mero texto que nos faça fantasiar dar-nos-á excitação sexual. E porquê? Porque é a mente que nos dá essa sensação. É, como alguém dizia, o maior órgão sexual.
Voltando um pouco ao tema, tudo que está normalmente está escondido encerra uma carga de tensão sexual. No decorrer da evolução da moda, provavelmente na época das cortes francesas dos Luíses, aceitou-se valorizar os peitos femininos, apertando as cinturas e valorizando os decotes, que subiam ao ritmo da respiração. O poder feminino da sedução existe, e é usado também na forma como se vestem em relação ao homem e também em relação á "concorrência" feminina como forma de diferenciação e aproximação á corrente do grupo.
A mini-saia, o decote, as calças justas, tudo que valorize o corpo da mulher existe um pouco para potenciar esse poder da sensualidade e da atracção. Talvez por isso os islâmicos de linha dura ou os judeus ortodoxos e os quakers tenham as suas regras de vestuário. Uma mulher de burkha não terá problemas em que um homem se desconcentre com o que ela diz...a menos que passe outra mulher de burkha ao lado, com formas mais jeitosas...lol
Basta olhar para os anúncios e verificas que mensagens se escondem ou nem se escondem em cada spot a carros, e todos os artigos destinados a homens ou até a mulheres.
Há uma comunicação na sociedade baseada em sensualidade e o olhar apenas é a recepção dessa mensagem.

PS:
De algum lado deve ter surgido a expressão: os olhos também comem. Não sei se apenas nos aspectos culinários. :-)

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Operação


Dia 16 fiz 2 operações.
Aliás, 1 operação e 2 intervenções cirúrgicas :-) Ou ao contrário?
Pronto, operaram-me o menisco, que tinha uma ruptura, e o rabo, que tinha um quisto.
Correu tudo bem.
Foi no Santa Maria.
Situações giras: uma freira com os seus 40 anos, mais incomodada do que eu com a minha nudez, e a rapar-me o rabo.
Quanto deitado entrou uma enfermeira jovem, que julgo ter dito mais tarde no quarto que se recordava da minha cara. ( Estive por momentos inclinado a perguntar se era apenas disso que se recordava ) - Porta-te bem Pedro.
Ao colocarem-me o catéter fui brindado por 2 das mais giras enfermeiras da zona. Deus ainda existe no Santa Maria.lol. Uma bateu-me repetidamente na mão para encontrar a veia, a mais experiente veio ajudar. Fiquei com vontade que o catéter tivesse de ser no rabo...lol
Acordei no quarto de recuperação onde estavam outros doentes, e uma enfermeira jovem perguntou se eu estava bem. Do fundo do meu consciente disse "Estou na LaLa Land, " estou com a Alice no País das maravilhas" lol
Chegado ao quarto outra enfermeira dispôs a minha cama de forma a que eu pudesse ficar bem, e ao preparar o botão de chamar alguém, deixou cair o botão e fio na minha cara. "Que bela técnica para me fazer acordar"- disse eu.
Venho por este meio expressar o meu repúdio pela companhia de Seguros que não me deixou ficar internado uns 5 dias para poder convenientemente desfrutar dos conhecimentos médicos das enfermeiras, e para as poder ajudar a tornarem-se melhores profissionais aplicando os seus conhecimentos em "moi même". :-)
Brincadeira.
O meu Obrigado ao pessoal médico e que me prestou auxilio no quarto. Foi mais fácil do que o que eu pensava.

PS: Descobri o poder do urinol portátil. lol

2º Salão Erótico do Porto


Este 2º certame foi para mim o primeiro.
Foi giro.
Logo de inicio, um cartaz a avisar que não havia multibanco...lol. Boa. Lá tive eu de ir buscar dinheiro ao multibanco mais próximo. Algo a rever em futuras edições.
Depois, reparei que provavelmente a carrinha do teste da Sida provavelmente ainda não teria tido uso naquele dia. É verdade que ela existe e anda aí, mas...ninguém quer lembrar-se muito disso no dia em que se celebra os devaneios sensoriais a que chamamos Sexo.
Entrei e fui percorrendo as bancas, lá recebi uma Tabu ( ainda existe ) e vi o Sexus de soslaio. Depois fui ver os shows free e fui filmando. Recebi um olá acenado por uma loira que soube que estava a ser filmada a que eu respondi com outro aceno ( não sou mal educado) :-)
Muito giro e muito saudável, com vários casais e gentes de todas as idades, se bem que podiam ainda ser mais. Vi um show lésbico a 3 euros do melhor...com uma loirinha chamada Bianca que é lindíssima. Ambas da Républica checa. Faz pensar...
Por um lado, o voyeurismo é inerente ao homem e mesmo aos animais, e é algo com muita força, mas...no fundo, é um mundo com contornos estranhos e relações monetárias difusas. Os nossos instintos afloram na pele, e nota-se perfeitamente no olhar dos homens e de algumas mulheres que lá estavam que...cheirava a hormonas no ar. Gostei tanto da cena que no fim passei por lá mais uma vez para queimar na retina mais umas imagens da Bianca. Sou sensível á beleza feminina.
Quase todas altas e magras, pecando, na minha opinião, por demasiado magras.
Pensei que a atmosfera fosse mais pesada e soturna, mas...estava solta, muita gente a gracejar. Do melhor, duas situações. O miúdo de 19 anos chamado ao palco por 2 strippers, que não sabia onde se meter o que deixar despir...( o pai no público a incentivar )e o caso de um casal de amigos que 2 outras stripers fez com que se beijassem e pedissem um ao outro em namoro, para além de roços, amassos e uma volta ao palco com ele de gatas com uma das stripers nas costas e a "nova namorada" a puxar o cinto que servia de trela improvisada.. Vamos ver no que dá, mas era giro poder contar aos netos que começaram o namoro num festival erótico :-).
Foi muito querido.
Estava eu a virar-me para continuar a passear após uma vista de olhos num show, quando vejo Sophie Evans a fazer strip. Nem tenho tempo para me recompor e ela olha para mim e chama-me para lhe desapertar a tanga preta (os outros estavam todos com máquinas fotográficas). Aprendi que é melhor estar sem máquina...lol. Aqui o Je diz-lhe: " hi sophie" , chego-me perto e pergunto: " with my tongue"? ( a miuda devia querer que lhe desapertasse com as mãos, mas...pois...eu tinha de inventar...lol). Mas a língua no atilho deve ter ficado muito cénica e por magia ( e as mãos dela ) aquilo abriu-se. Um espectador seguinte ficou indiferente á oferta da Sophie da tanga e não a foi buscar. Dá Deus nozes a quem não tem dentes... :-)
Magra como as outras, apesar disso é giro ver alguém famoso. É como ver o Papa, mas ao contrário..:-D
Outra imagem digna de nota é a quantidade de casais que se viam a escolher e a levar filmes porno. Agrada-me ver que o casal toma isso como parte da sua vida conjunta.
Longa vida á vida sem tabus nem preconceitos.


PS: ( foi giro também contar aos pais conservadores:" fui ao pavilhão multiusos ver o Salão Erótico ) - sou mau.

A Guerra dos Mundos.


Gostava de ser mulher por 1 ano.
Não sejam preconceituosos e pensem. Já viram as vantagens em poder ver a vida pelos olhos delas? Seremos assim tão diferentes?
Não creio. Acho que somos a mesma massa. Talvez mais arredondada no caso delas ( benditas curvas ). Mas sei perfeitamente que somos cozidos em fornos diferentes e com diferentes temperaturas. Todos somos, mas há coisas que podemos perceber que são mais comuns no grupo dos homens e das mulheres.
Somos criados em contextos diferentes e pressões diferentes. Sinto que quando jovens, os rapazes têm um contexto de grupo em que qual alcateia há uma pressão para demonstrar que somos fortes, e que não podem entrar no nosso circulo e que qualquer ameaça será respondida pela força. A testosterona deve ter algum poder nisso. Somos mais duros que as meninas, e demonstrações de afecto e sentimentos são encarados como sinais de fraqueza.
As raparigas, pelo seu lado, têm umas formas de comportamento. Trocam entre si sinais de afecto e de carinho ( coisa impensável nesta sociedade para os homens, seria retornar aos tempos dos romanos ).
O ponto fulcral nisto tudo é que, para além da diferença de comportamentos aceitáveis, pressões familiares e cópia de figuras geracionais, há uma grande diferença que se demonstra após a puberdade.
Elas têm a fechadura e nós temos a chave. E a fechadura tem protecção á frente, daí que para todos os efeitos, são elas que determinam quando a porta abre. Isso dá-lhes enorme poder, responsabilidade castradora e também problemas. Quanto ao poder, Cleópatra e Salomé explicar-vos-ia o 1º ponto. Todas as virgens sacrificadas, todas as mulheres apedrejadas no Oriente ( ainda actualmente ) e todas as despejadas pelos pais por serem sexualmente activas podem explicar-vos o 2º ponto, e todas vocês podem explicar o 3º ponto.
Mas eu ajudo-vos. Estes problemas nascem do tal desequilíbrio. O Sexo existirá quando vocês quiserem, ou nós vos convencermos. Retiro daqui a figura da violação pura que me enoja profundamente e que não entendo como pode dar prazer ( se bem que a violação teatralizada a dois, me agrada...)
Como vocês têm esse poder imenso, fazem com que muitos de nós vos mintamos , vos prometamos, para obter esses momentos. Tal como muitas fazem o mesmo para o vestido YSL ou o estatuto de esposa do Dr X ou Governador Y.
E é isso que é triste. Uns mentem para usufruir, outros protegem-se do mundo com receio de serem enganadas. E a clivagem aumenta. De um lado os homens percebem que para terem o que os outros têm, precisam de mentir e fingir o que não são. Do outro lado elas tornam-se mais fechadas e mais cientes do seu poder. O fosso aumenta com mais mentira, mais tabus e menos sexo.
No fim é o sexo responsável, entre 2 pessoas adultas, que não querem passar uma noite fria, comunicativo, de alma aberta, aquele que perde no meio disto tudo.
Continuamos a ser aqueles miúdos com 5 , 6 anos que olhamos um para o outro , curiosos com as diferenças corporais e comportamentais. Maravilhados porque precisamos um do outro para sermos felizes.
Qual o mal de nos deitarmos juntos, sermos sinceros, percebermos as debilidades de cada um , e esperar o amanhecer, com bem mais alegria de manhã do que no dia anterior?
A verdade é o caminho para a felicidade - acredito eu.

Sejam felizes e verdadeiros. Quem magoa alguém com culpa antecipada é responsável pela diminuição de felicidade dessa pessoa.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

O Amor é...


Hoje deixo-vos um texto escrito pela minha pessoa há 4 anos, em 31-01-2004.

O Amor é...

O Homem é um ser sensivel, encontra espaço na sua mente para se sentir feliz, triste, curioso, angustiado. Depara-se com os sentimentos logo nos seus primeiros anos de vida. Sente-se bem, sente-se mal, sente necessidades, sente prazer,e cresce com todas essas formas de sentir. Recebe amor dos seus pais e retribui com uma devoção imensa para com as pessoas que lhe tentam dar tudo o que ele necessita. Mas o Homem cresce, e aquele “mundo perfeito” começa a desmoronar-se. Os seus pais envelhecem, o seu aspecto fisico altera-se, começa a sentir necessidades de explorar outro tipo de prazeres, de interação. Procura assim um outro tipo de reconhecimento, de alguém que não “é obrigado” a senti-lo. Procura alguém cuja companhia o faça sentir-se bem, e que o faça sentir-se como razão da felicidade da outra pessoa, uma pessoa importante para a outra pessoa.

A Sociedade diz-nos que é normal amar, e principalmente que é normal amar uma pessoa de outro sexo. Tenta mostrar-nos também que é a razão válida para que duas pessoas encontrem na outra a companhia para o resto da vida. Mas penso que nos mostra apenas a resposta. O critério razoável para que deixemos de procurar. È-nos apresentado um conceito difuso de amor ou assumindo as formas de paixão, companheirismo, amizade, sentimento filial.

Todos nós sentimos maior ou menor empatia uns pelos outros, e todos, mais tarde ou mais cedo sentimos necessidade de alguém, uma companhia que ria connosco, que se sinta feliz com a nossa felicidade que a compartilhe, que nos apoie nos maus momentos, que envelheça connosco, que viva a sua vida em comunhão com a nossa, que aceite os nossos defeitos porque necessita de nós.A questão torna-se mais complexa quando tentamos observar até que ponto a nossa escolha terá sido a óptima. Ninguém ama sozinho, ou melhor, pode até amar, mas não ama para sempre, pelo seu próprio instinto de sobrevivência. Tem de haver assim uma coincidência de vontades, de escolhas, o que limita à partida as escolhas de cada um. Depois estamos limitados ao espaço demográfico que percorremos. Muitas vezes é apenas a coincidência, o acaso, a sorte que nos apresenta a pessoa com quem passaremos o resto da vida , e que determinará o rumo do nosso futuro. Também aqui nada é perfeito.No inicio apaixonamo-nos pela ideia que fazemos da pessoa por quem estamos atraidos, não reconhecemos ainda todos os seus defeitos, ou subvalorizamo-los em relação ás suas virtudes. Qualquer relacionamento é um investimento de tempo e sentimentos, e raras são as pessoas que pensam pô-la em risco com um novo relacionamento (principalmente quando se sentem felizes com quem estão), portanto não se procura outra pessoa quando se está com alguém, mas a verdade é que se não estivesse”ocupada” essa pessoa era capaz de responder positivamente a avanços de determindas pessoas. Dizemos que amamos com quem estamos, que é o amor da nossa vida, mas quando acaba...afinal não era aquela pessoa, não era amor de verdade, etc... E recomeçamos...Não existe verdadeira liberdade de escolha. Temos de escolher entre as pessoas que conhecemos na altura e ser escolhidos. Muitos relacionamentos que começaram após uma outra ruptura não se teriam iniciado se as pessoas no relacionamento anterior fossem mais compreensivas. Quantos relacionamentos não acabam por mero orgulho? Mas dir-me-ão: Se acabou era porque não eram compativeis. Pois, mas quase todas as pessoas já encontraram imcompatibilidades dentro do casal e nem por isso acabaram, entenderam-se, deram espaço de manobra ao relacionamento. E se o amor é um jogo de respeito e aceitar poder “perder” para que o relacionamento perdure, então o relacionamento entre 2 pessoas, quaisquer que elas sejam não é tão ideal e perfeito quanto isso, mas mais fácil de acontecer se for empreendido entre 2 pessoas sensatas.

Talvez o meu erro tenha sido esse, querer acreditar no amor romântico propagandeado pela sociedade principalmente em épocas de S. Valentim, nos filmes, pelas próprias pessoas e acreditar num amor que nada mais é do que desejo e paixão. Não existe amor perfeito e eterno. É eterno enquanto durar, mas se tal é, porque existe?? Porque não nos deixamos levar pelas marés das emoções,continuamente em direcção das diferentes pessoas que desejamos? Porque a Sociedade e nós próprios necessitamos de segurança. A procriação, fruto do desejo sexual e das necessidades próprias da constituição de familia não se coaduna com a não existência de casais, seguros bem identificados como progenitores de determinada criança.

Mas desejo e paixão, se bem que seja o inicio da relação, é algo mais comum, menos criterioso, o que retira o carácter divino do amor com “A” grande. Ou seja, ficamos com quem nos calha na “sorte” e com quem aceitamos ser uma “sorte” estarmos. E se depois encontrarmos alguém que nos parece mais apropriado. Devemos quebrar uma relação já cimentada pelo tempo, conhecida, para partir em direção a um desconhecido aparentemente mais atraente? Poucas o farão, mas apenas o fazem porque já escolheram, num determinado tempo e em virtude de determinadas opções...que não são eternas. Pedem-nos para escolher, baseados numa “amostra” ( as pessoas que conhecemos) , mas não nos mostram o “catálogo” todo simplesmente porque tal é impossivel.

Assim pedem-nos para depois de ter escolhido da amostra, esquecer que existem mais amostras e aceitar a escolha que fizemos ou caso contrário viveremos infelizes...


Um dia relerei e reanalisarei este texto. Quem sabe no dia dos Namorados :-)

Hoje é o 1º dia do Resto da tua Vida...


Bom dia...
Não sei se é dia, noite, ou manhã, mas...mais um dia passou.
Não, não é tragédia nenhuma, tal como não deves lamentar mais uma lufada de ar que deixaste sair pelas narinas. Faz parte...
Já sabia da minha relação estranha com a morte e a perda. Eu, que ambiciono o ganho e a melhoria, tal como todos os seres humanos neste mundo. A morte é assim, o término, de algo que apesar de não ser extremamente bom, é o possível e bem melhor que o Nada.
O "Estranho caso de Benjamim Button" teve o condão de despertar sensações adormecidas. Assim como o fizeram outros filmes que me puxam da cadeira e me transportam de dimensão para a realidade que aquelas luzes e sons articulados desejam. Assim sendo, cheirei a morte novamente ao longe. Senti-a naqueles relatos de 2 pessoas descompassadas no tempo. Muito bonito, muito forte, tal como a morte.
Chorei. Tinha que chorar. Olhando aquele fim no inicio da vida de Benjamim, percebemos o ciclo por que passamos. Tudo começa e tudo acaba.
32 anos...32 anos é ser-se jovem..Pois. 25 era mais. Mas 25 anos não encerravam em si a lucidez que os passos me trouxeram e o infortúnio de saber que apesar de todas as curvas da estrada, a meta é sempre a mesma.
A realidade não é alterável como nos filmes. É pena. Como nem todos podem ter o que desejam a realidade dá a cada um nada mais do que aquilo que pode. Vivamo-la então. "O tempo não pára". Não parou para Cazuza, não parará para ninguém. Só parará a consciência que temos dele.
Se não o tempo e a morte, que outros fenómenos nos fariam querer criar tanto...na esperança de deixar algo para a posteridade? Quadros, poemas, edifícios, viagens, filmes, filhos, modas, canções...
É a mortalidade que nos torna fracos e poderosos.
É a mortalidade que me "obrigou" a escrever.
Beijos e abraços, concidadãos...

E no inicio era o Verbo...


Como começou tudo isto?
Mão divina? Mão extra-terrestre?
Caos e Ordem? Explosão de matéria?
Talvez tenha surgido como este blog. Havia a tensão necessária, havia a necessidade e havia o meio. A partir daí...tudo resultou no que sabemos.
Ou então não sabemos, dado que neste mundo poucas são as coisas que dominamos a 100%, em controlo ou em conhecimento.
Quanto a este micro universo que hoje "explodiu" e que não será criado em 7 dias, não sei no que irá resultar, mas sei que a matéria e a anti-matéria estão dentro de mim, há já muitos anos e quero que cientistas o estudem, entusiastas o admirem, e analfabetos, filósofos e poetas o leiam.
É o comprimido efervescente que me pode ajudar neste momento.
Até amanhã.