
Em conversa com uma amiga do Netlog decidi deixar vaguear a minha mente e as minhas palavras pelo que o Seinfeld toca, de tal forma que todos nos sentimos identificados por esse texto.
No meu entender as questões sexuais são apenas a pimenta do texto, para lhe dar mais graça, e porque muitas vezes um humorista vai buscar as suas experiências e é sempre um homem, muitas vezes a falar para homens. ( claro que a plateia vai ter imensas mulheres mas todas se vão rir se tiverem capacidade de encaixe ).
Primeiro de tudo devo realçar que todas as generalizações que faço relativamente a homens e mulheres são apenas isso, meras generalizações. Cada vez menos há o "comportamento masculino" e o "comportamento feminino". Para o bem e para o mal.
Acredito que todos nós já passamos por isto. Querer conquistar a nossa amiga(o), e ela estar interessada noutra pessoa, da qual muitas vezes ela diz raios e coriscos. O tipo maltrata-a, não lhe liga, ela pergunta a nossa opinião sobre as intenções dele, o que achamos que ela deve fazer, se depois de tudo que se passou deve voltar para ele, ás vezes até conta detalhes da intimidade deles e nós "aguentamos" e tentamos ajudar, cheios de inveja e ciúmes. Parecemos estar "riscados do mapa", carimbados como amigos.
Quer homem quer mulheres têm por vezes a tendência de se apaixonarem e desejarem pessoas que as subestimam ou que não as tratam como elas gostariam. Muitas vezes é por isso mesmo que as sobrevalorizam, porque parecem inatingíveis e continuam a dizer "não". " Mas ela diz não porquê? Logo eu que sou tão isto e aquilo". É uma batalha pela "reparação do ego ferido". Isso também acontece comigo quer como sujeito activo quer como sujeito passivo dos "avanços sentimentais". Magoa bastante ser o amigo e não aquilo que desejávamos ser para a outra pessoa. E homens e mulheres sentem isso. Ás vezes dói tanto que é preferível esquecer a amizade. Pior ainda é quando a pessoa de quem queremos algum carinho, aceitação, nos dá alguma esperança ( nos leva sozinhos a um bar, vamos passear à beira-mar ou se fica a conversar no carro, na praia ou um lugar isolado com vista para o rio com todos os carros ao redor com os seus vidros ressoados )e nós damos o passo em frente e verificamos que tudo aquilo era apenas "amizade". A dor é ter de matar a "esperança" emocional e sexual que cultivamos em casa a pensar nela, a preparar o próximo passo de aproximação, e quando a carência bate é nela que pensamos. Mas ela diz que não pensa em nós dessa forma. O grande problema é que no caso do homem ele até nem ficava muito chateado, podia-se começar como amigo e quem sabe conquistá-la ( algumas mulheres também tentam essa estratégia ), mas geralmente falha. Sem a fagulha inicial da paixão as relações não são tão intensamente vividas.
Pessoalmente acho que amar e não ser amado é das piores sensações que existem, não ser aceite pela pessoa que colocámos no "pedestal-mor da nossa Capela" é auto-destrutivo, provavelmente nem é amor, porque amor é entre 2 pessoas, um diálogo e não um monólogo. Não poder concretizar a relação, saber como poderia teria sido estar com ela, como teria sido sentir o beijo dela, se a relação teria pernas para andar ou não é a Interrogação Torturante. A todos vós que se queixam porque só o(a) tiveram por alguns dias ou meses, eu digo-vos: "Sortudos de uma figa"!!! Tiveram a oportunidade de comprovar a possibilidade ou não da relação, tiveram uma hipótese de viver emoções com ele(a), que é bastante melhor do que alguém que cultivou uma vã esperança teve. Esse vai ter de engolir o sapo sem água e tentar convencer-se de que aquilo nunca ia dar certo ( senão dá em maluco ). Vai até possivelmente conhecer um dia o tipo que afinal ficou com ela e ter de fazer uma representação digna de Óscar.
Nesta não coincidência de vontade sentimentais entre 2 amigos criam-se 2 dilemas. Na pessoa que deseja iniciar a relação , fica dividida entre abandonar a amizade para não sofrer ou manter-se amigo e deixar os sentimentos dissiparem-se no tempo (ambas magoam ), a pessoa que não deseja iniciar, fica dividida entre diminuir o contacto com o amigo para não o magoar, deixando de lhe contar tudo aquilo que os tornava ainda mais íntimos como amigos ou tentar convencê-lo de que são só amigos e é isso que devem valorizar e apreciar. No meio disto há ainda aquelas pessoas que fazem do amigo "ioiô".
Passo a explicar. Quando precisam de atenção e carinho puxam, quando têm medo que ele esteja demasiado perto e com a ideia errada, empurram, mas não para longe, pois podem precisar dele brevemente, para apanhar os cacos que o "ser extraordinário que ela ama" provocou. Os homens (geralmente) têm ainda uma outra que é torna uma amiga em amiga colorida e continuando a desejar aquela que não conseguem conquistar.( Esperança sim, mas sem fome. O martelo para martelar e a chave de parafusos para desaparafusar, cada coisa no seu lugar).
Se é mau um homem aproveitar-se da paixão de uma mulher para a levar para a cama (enganando-a em relação aos seus verdadeiros objectivos e possibilidades da relação) também não é melhor aproveitar-se do desejo de correspondência de vontades para obter vantagens de qualquer tipo ( é apenas outra forma de enganar, mas sem sexo no meio, apenas devoção e favores ). Há mulheres que se aproveitam disso, abusam do poder.
Há também quem se engane a si próprio. O estado de carência e necessidade de atenção e intimidade geram muitas vezes esperanças nas pessoas em relação ás quais estão mais próximas e os amigos são os melhores "alvos". No entanto eu digo: "não devem 2 amantes ser antes de tudo amigos? Porque não basear a relação na amizade? sem amizade, amantes deixam de o ser rapidamente. Mas há uma condição que perturba tudo. Do amigo não esperamos mais do que a amizade, não o julgamos em muitos dos valores que fazemos em relação à pessoa que queremos para nós. Ele é assim, já o conhecemos há muito, se calhar é das pessoas que conhecemos melhor. Ora aí é que está o problema, creio eu. Já somos conhecidos, já sabem o que de bom e de mau temos. O "outro" tem uma vantagem imensa, difícil de superar. É uma personalidade ainda com imenso mistério, de quem ela não sabe tudo, o bom e o mau, como se comporta nesta e naquela situação. Assim, a paixão floresce mais facilmente, porque no seu estado "febril" ele seguramente será aquilo que ela espera que ele seja, pois assim lhe diz a esperança. A mesma que nós temos acerca dela, mas por "febrilidades" diferentes.
Quando nos apaixonamos desculpamos demasiado, tudo no sentido de sermos validados e concretizarmos a nossa Teoria da Felicidade: " só com ele vou ser feliz".
Se não corrermos atrás dos sonhos, seremos ainda mais infelizes do que o que seríamos se não corrêssemos.
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